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“Falar sozinho” é sinal de algum distúrbio emocional?

Psicanalista diz que hábito melhora as habilidades sociais


Quem nunca se pegou falando sozinho ou mesmo “pensando alto” em algum momento da vida? Esse diálogo interno é muito comum e, diferente do que muitas pessoas podem pensar, não representa um distúrbio ou qualquer problema de cunho emocional. Pelo contrário, pode auxiliar na elaboração adequada de processos cognitivos, bem como facilitar outros processos comportamentais e ou psicológicos.

Dentre os benefícios do próprio discurso privado, podemos destacar a potencialização da memória, foco e concentração. Também se torna perceptível uma maior assertividade nas tomadas de decisões, uma vez que a insegurança fica minada, já que o indivíduo consegue decidir suas questões de forma mais ágil.

Outro fator positivo é o autorreforço que empodera o sujeito em suas relações interpessoais. Além disso, “falar sozinho” melhora as habilidades sociais e facilita o distanciamento de certos conteúdos mentais que possam trazer prejuízos ao ser humano.

Porém, este hábito quando realizado com grande frequência e intensidade, pode denotar um conceito estigmatizado pelas pessoas que, tendem a julgar a ação como uma atitude de alguém doente ou até mesmo com problemas mentais (como: esquizofrenia ou psicoses), motivo pelo qual, muitas pessoas que falam sozinhas evitam faze-lo perto de outras pessoas para não serem interpretadas de forma equivocada.

Uma coisa é fato: falar sozinho é perfeitamente normal, afinal o diálogo interno é necessário e traz muito aprendizado e autocontrole. Só não é normal, isolar-se das pessoas e mergulhar inteiramente nessa fala interna, gerando uma intensidade surreal para esse hábito, pois algo pode estar errado.

Uma vez que todo excesso faz mal, é preciso apenas estar atento a essa frequência e se isso tem causado algum tipo de incômodo no indivíduo, uma vez que nesse caso, pode estar ocorrendo uma leve tendência a ser formar um transtorno obsessivo compulsivo, quando a consolidação do ato de comunicar consigo mesmo, se torna uma mania que favorece o isolamento e alimenta apenas pensamentos negativos.

Mas, são casos em que é preciso observar outros sintomas que confirmem as suspeitas, através de um acompanhamento profissional adequado, para não incorrer no risco de classificar tudo como “anormal”. Deixando claro aqui que, o limite da normalidade está no autocontrole de cada um.

Outro fator super benéfico embutido no “falar sozinho” é a autoinstrução. É o aprimoramento do diálogo interno que auxilia e orienta a saber lidar com determinados desafios apresentados pela vida. Sem ansiedade ou atropelamentos. Especialistas apontam essa técnica como um recurso que favorece ainda mais o desenvolvimento da maturidade psicológica e da memória do ser humano, por facilitar a retenção das informações.

Auxiliando também em uma melhor organização das ideias e na tomada de decisão mais assertiva e coerente, orientando os pensamentos e diminuindo a ansiedade.

Enfim, o hábito de “falar sozinho” não tem nada de ruim, pelo contrário, traz grandes benefícios cognitivos e facilita a motivação, memorização, eliminação do estresse e ansiedade, facilitação da tomada de decisões, resolução de tarefas complexas e o reforço nas reflexões de perspectivas. Ou seja, os diálogos internos podem ser considerados como um desabafo que gera o alívio das tensões, além de propiciar um recurso facilitador para o autoconhecimento do indivíduo.

Dra. Andréa Ladislau  /  Psicanalista