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Meninos Bestas e Talentosos

Adam Yauch, integrante do grupo Beastie Boys, morreu esta semana vítima de um câncer na glândula salivar, contra o qual lutava desde 2009. Muito além de singelos rapazes que surgiram nos anos 80 e emplacaram vários hits musicais, o grupo também é reconhecido por várias ousadias. Parece que a sina de bons talentos musicais que deixa a vida terrena precocemente continua, e dificilmente deixará de ser comum nas próximas ‘temporadas’.

O trio foi improvável desde o início, em 1979: ascendência judaica, moravam em Manhattan (um dos pontos ‘tops’ de Nova York) e, o maior tabu de todos, são brancos, indo de encontro à etnia negra predominante em grupos de hip-hop. Contribuições desses ‘branquelos marrentos’ até hoje são negadas ou evitadas por outros grupos de rap que ascenderam no mercado comercial.

São várias as inovações desse rapazes ‘que incorporam estados de anarquia para a excelência interna’, assim a tradução da sigla BEASTIE:

– A influência do punk e do rock na sonoridade das músicas, o que deixava o DJ que os acompanha como um grande auxiliar, e não como único-exclusivo músico nos shows, o que infelizmente, começou a acontecer a partir dos anos 2000; Licence to Ill, de 1986, é considerado álbum influente para o Rock por muitos especialistas;

– Os integrantes eram instrumentistas (Horovitz toca guitarra, Yauch era baixista e Diamond bateria), ou seja, além de letra, havia uma grande harmonia ‘honesta’ e não fabricada no som da banda;

– A irreverência na atuação dos clipes, a exemplo de ‘Fight For Your Rights’, ‘Body Movin’ e ‘Intergalatic’, com muito bom-humor e fazendo diversas sátiras. O maior deles, ‘Sabotage’, lançou Spike Jonze como diretor, um dos mais requisitados no meio alternativo musical e cinematográfico;

– As letras sem-nexo, com as quais o Beastie Boys buscavam relatar o cotidiano e fatos para simplesmente rimar, sem denúncia social, palavrões, discriminações ou cutucadas, a exemplo do que muitos ‘rappers’ na atualidade;

– O ativismo sério e saudável, como a aderência à libertação do Tibet, nos anos 90, e combate à violência em Nova York pós-11 de setembro; A turnê de 1995 retirava um dólar de cada ingresso para as caridades locais;

O Beastie Boys, a exemplo dos Beatles, perdeu o integrante mais quieto para o câncer na região de seu instrumento de trabalho. O legado de Yauch, além de esposa e filhos, fica também a atitude decente e contagiante que conseguiu junto ao grupo. Mais triste do que ver um artista com talento musical partir cedo (Yauch tinha 47 anos), é constatar pessoas que se dizem fãs de Eminem, Lil Wayne e Chris Brown, e nem sequer sabem quem foi Beastie Boys, Run DMC e Public Enemy.

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[author] [author_image timthumb=’on’]http://www.guairanews.com/wp-content/uploads/2012/04/gabrielogata.jpg[/author_image] [author_info]Gabriel Carlos Ogata Nogueira é graduado em História pela Unimep (2008), pós-graduado em História do Brasil e da América no Cenário Geopolítico Contemporâneo pela Unifran (2011) e formando em Geografia pela Unifran (2012). Professor nas escolas Centro Educacional Ana Lelis Santana e Escola de Educação Básica e Educação Profissional Irum Curumim.[/author_info] [/author]