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Entenda a relação entre retração gengival e piercings na boca

Antiga prática de adorno bucal pode causar retração na gengiva e outros problemas

Foto de Rodolfo Clix 

Um estudo feito pelo instituto norte-americano Pew Research Center demonstrou que, de 38% das pessoas entre 18 e 29 anos, 23% apresentam piercings em locais que diferem do lóbulo da orelha. Quando trata-se de criar um visual alternativo, os piercings são sempre uma opção; nesse meio, é cada vez mais comum a utilização de piercings bucais como tendência de estilo. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados para que não ocorram problemas futuros, tais como a retração gengival.

Embora não seja uma alteração incomum, a porcentagem da retração das gengivas em pessoas que são adeptas ao uso de piercings é maior do que as que não utilizam. Visto que ocorre o deslocamento da gengiva em direção à ponta da raiz do dente, causando uma alteração no tamanho da gengiva.

A atenção deve ser redobrada por aqueles que decidem utilizar o adorno, uma vez que o processo é lento e vai acarretando dores ao longo do tempo, podendo afetar um ou mais dentes. O atrito do metal do piercing sobre a gengiva é o causador principal dessa retração, que começa através de uma inflamação inicial, onde ocorre uma fricção da gengiva com a parte mais fina do dente. Uma vez que ocorre a retração da gengiva, não há regeneração, o que torna difícil sua limpeza, tornando-a propensa a contração de doenças.

O número de casos em que ocorrem complicações orais e dentárias aponta em porcentagem maior para indivíduos que fazem o uso do piercing na língua, de acordo com estudo feito pela REASE (Revista Ibero- Americana de Humanidades, Ciências e Educação) em 2022. No entanto, é importante que os dentistas estejam atentos e preparados para atender às demandas específicas de cada paciente, a fim de evitar possíveis complicações mais severas.

O mesmo estudo também afirmou que a pouca literatura sobre o assunto dificulta o conhecimento das complicações, bem como as diversas consequências associadas ao piercing oral, tornando as fontes precisas dessas complicações difíceis de serem identificadas ou até mesmo previstas.

Os cuidados devem ser tomados previamente ao piercing colocado na boca; o profissional deve possuir conhecimentos que assegurem a colocação do objeto, além de tomar medidas protetivas, tais como o uso de luvas estéreis, máscara e outros materiais descartáveis e/ou esterilizados em vapor úmido.

Todos esses cuidados são importantes; uma vez feita a escolha de utilizar o piercing bucal, uma retração não devidamente tratada pode ocasionar males indesejados, como assimetria do sorriso, excesso de sensibilidade, bactérias acumuladas, cáries, entre outras coisas que podem evoluir para estados mais graves, gerando outros distúrbios.

Nesses casos, onde o piercing já foi instalado, a consulta a um profissional capacitado pela faculdade de odontologia, o cirurgião-dentista, é imprescindível, tendo em vista a recomendação de cuidados quando o paciente não cede à remoção do objeto. No entanto, deve-se frisar que a prática do piercing oral/perioral continuará, uma vez que são cada vez mais as pessoas que adotam a sua utilização, portanto é importante que ocorra um aconselhamento profundo por parte de profissionais a procurar estúdios com credibilidade e boa reputação.