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Mitos e Verdades sobre o mercado de carbono

Na corrida para conter a emergência climática, a substituição de fontes de energia não-renováveis como carvão e petróleo por renováveis como solar e eólica estão frequentemente nos debates globais. Com objetivo de ajudar a controlar as emissões de gases de efeito estufa, aparece a compensação de carbono, promovendo acessibilidade para quem está em busca da descarbonização completa de sua empresa ou da redução da emissão de CO2 decorrente de suas atividades.

Quantas vezes você já ouviu algo do tipo: as mudanças do uso da terra, o desmatamento, a agropecuária, energia, transporte e processos industriais são de fato os que mais contribuem para essa situação.

Será? Ter uma mentalidade mais consciente tem alcançado pessoas e empresas para uma mudança de hábitos e controle. No entanto, a desinformação traz confusão e desmotiva os investimentos no mercado de carbono.

A fim de esclarecer Jean-Pierre Cantaux — CEO da Canopée Gestão Ambiental e Florestal revela alguns Mitos e Verdades sobre o tema. Os créditos de carbono são alvo de inúmeras críticas como solução para a crise do clima, reconhecidamente ocasionada pela ação antrópica. A aquisição de créditos de carbono é considerada um passo importante rumo à redução dos gases de efeito estufa, que provocam uma série de problemas ambientais associados às mudanças climáticas.

Vale ressaltar que quando uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) deixa de ser emitida para a atmosfera graças a um projeto certificado, um token é gerado atestando a compensação para que as empresas compensem as emissões de CO2 decorrentes de suas atividades e que não forem evitadas.

Ao comprar os créditos, é possível fomentar projetos socioambientais que além de melhorarem diretamente a qualidade de vida da população local, capturam parte do dióxido de carbono da atmosfera, reduzindo os impactos ao meio ambiente e à saúde humana. Atualmente, existem dois mercados o regulado e o voluntário, com regras e obrigações distintas para as empresas que querem compensar suas emissões.

Tudo parece simples, não é? Falar sobre os MITOS E as VERDADES pode ajudar o meio ambiente.

Os créditos de carbono não têm resultados comprovados. Isso é Mito ou verdade?

Mito: “Os créditos de carbono trazem resultados reais e, diferentemente do que alguns afirmam, podem sim ser comprovados. Mas atenção: Esses créditos devem ser gerados por projetos transparentes e auditados por instituições reconhecidas e seguir uma metodologia aceita e comprovada. Como funciona: São feitos levantamentos de 100% da cobertura florestal das áreas e calculado o real estoque de carbono existente. A partir daí, os dados são então integrados e mapeados, configurando áreas georreferenciadas para a produção de créditos. São analisados ainda vetores de pressão de desmatamento, estudos integrados socioeconômicos visando estratégias de geração de riqueza para as populações da região e melhoria real das suas condições de vida e da gestão de suas terras. Tudo isso é analisado pelo órgão de verificação externo, para que seja auditado e, uma vez aprovado, tem-se a autorização para a emissão dos créditos de carbono certificados.

Existem empresas que vendem a mesma “fonte” de neutralização para vários clientes diferentes? Mito ou verdade?

Infelizmente, Verdade. Por isso, é necessário a rastreabilidade no processo. Esse deve ser um dos principais critérios, além de escolher empresas reconhecidas e com processos auditados por instituições internacionais. Quando um crédito de carbono é comprado para compensar emissões realizadas, o token correspondente é imediatamente “aposentado”, evitando um possível futuro uso, garantindo assim a unicidade de cada crédito.

Pessoas comuns no seu dia a dia produzem CO², porém somente empresas podem comprar créditos de carbono para compensar? Mito ou verdade?

Mito: Pessoas físicas também podem compensar suas emissões de carbono e destinar recursos para projetos de preservação ambiental. Transporte, alimentação, bens consumidos, resíduos, tudo pode ser devidamente calculado e compensado. Novas plataformas e calculadoras têm tornado mais simples e rápido o acesso ao mercado de crédito de carbono. Mas cuidado na hora de escolher a empresa que receberá teus recursos, é bom verificar a qualidade dos projetos administrados por ela.

Preciso contratar uma empresa para analisar todas as atividades da empresa para calcular a pegada? Mito ou verdade?

Verdade: o levantamento das informações necessárias ao inventário, é complexo e deve respeitar metodologias rigorosas. Por isso, deve se contratar empresas referenciadas GHG Protocol que trarão toda a transparência e seriedade ao seu processo, além de fornecer os indicadores de sustentabilidade de sua empresa.

Todas as certificações são reconhecidas? Mito ou verdade?

Mito: Nem todas as certificações são reconhecidas mundialmente, somente as que garantem o desempenho e a qualidade das atividades. Os projetos emissores de créditos de carbono são certificados por terceira parte credível com metodologia adequada a cada projeto. Existem várias metodologias públicas (VM0015, VM0007…) reconhecidas mundialmente pela ONU e utilizadas por empresas de auditoria com reputação inquestionável que verificarão todo o processo de certificação. Além disso, o órgão certificador deverá realizar auditorias para atestar que de fato, o impacto social e ambiental de cada projeto.

A Mudança de hábitos pode ajudar a minimizar os problemas causados à natureza? Mito ou verdade?

Verdade: a mudança que deve fazer parte de todos os cidadãos, empresas e o governo. É necessário realinhar o processo produtivo, aplicando medidas com intuito de reduzir pegada, é preciso identificar quais são os pontos mais críticos em cada atividade, considerando toda a cadeia produtiva para desenvolver ações mais efetivas de redução da pegada de carbono e compatíveis com as iniciativas ESG (Environmental, Social and Governance — em português, ambiental, social e governança). Já pelo ponto de vista do indivíduo, o consumo diário pode ser replanejado com algumas medidas importantes, como fazer a separação do lixo orgânico do reciclável, usar meios de transporte menos poluentes e diminuir o uso de recursos naturais. No consumo, escolher produtos que impactem menos o meio ambiente contribuem bastante para atenuar a pegada de carbono.