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Tecnologia robótica auxilia médicos na sala de operação

Um monitor exibe a parte do corpo a ser operada com imagens em 3D de alta definição. Do console, as manobras são conduzidas pelo cirurgião enquanto os movimentos são executados por um robô. A cirurgia robótica é uma modalidade que usa a tecnologia como auxiliar na operação. Desde que o primeiro procedimento cirúrgico assistido por robô ocorreu em 1985, para realizar uma biópsia neurocirúrgica, os equipamentos evoluíram, assim como as especialidades que podem fazer uso da nova técnica. 

No Brasil, as cirurgias robóticas já eram validadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2008, data em que foi realizado o primeiro procedimento do gênero no país, uma cirurgia de prostatectomia radical, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Em março deste ano, porém, o CFM (Conselho Federal de Medicina) chancelou a prática. 

De acordo com a resolução publicada pelo órgão, para realizar este tipo de cirurgia, o médico deverá, obrigatoriamente, ter o Registro de Qualificação de Especialista no Conselho Regional de Medicina na área cirúrgica relacionada ao procedimento. Além disso, é necessário possuir treinamento específico em cirurgia robótica durante a residência médica ou capacitação específica para realização desse tipo de intervenção.

Há diversas possibilidades de áreas que podem ser beneficiadas. Atualmente, urologia, ortopedia e coloproctologia são algumas delas. Para o Dr. Alexandre S. Nishimura, coloproctologista e cirurgião robótico, a tecnologia pode ser uma facilitadora nos tratamentos cirúrgicos, desde uma correção de hérnia abdominal e/ou diástase abdominal até a retirada de um câncer de intestino.

A diástase abdominal consiste no afastamento entre os músculos e tecidos localizados na região do abdome, ou seja, na barriga, enquanto a hérnia abdominal é um deslocamento de um órgão ou tecido através de um defeito na parede abdominal. “O objetivo da cirurgia robótica é corrigir o defeito da parede abdominal, representado por uma abertura na aponeurose, nos casos das hérnias, e por um afastamento dos músculos reto abdominais, no caso da diástase”, explica o médico.

A hérnia, palavra derivada do latim que significa ruptura, tem alta incidência na população De acordo com o DataSus, foram realizadas um milhão e 460 mil cirurgias para reparos de hérnias da parede abdominal, entre janeiro de 2015 e setembro de 2021. Já sobre a cirurgia de diástase abdominal não há estimativas precisas, apesar de ser considerada uma condição comum no pós-parto.

Tecnologia como ferramenta auxiliar 

O médico explica que as cirurgias robóticas apresentam princípios semelhantes à cirurgia videolaparoscópica, tais como a “realização dos procedimentos cirúrgicos através de pequenos portais, que variam de três a 12 milímetros”. No entanto, segundo ele, uma vantagem do robô é oferecer a visão tridimensional – também conhecida como visão 3D – o que torna muito mais nítida a visualização dos órgãos. 

Outro método possível com o auxílio robótico é a realização da cirurgia sob visão direta por meio de uma ótica posicionada dentro do abdome. “As pinças são comandadas pelo cirurgião e o robô reproduz os movimentos das suas mãos, com o adicional de corrigir os possíveis tremores”, afirma o Dr. Nishimura, que atua nos hospitais Israelita Albert Einstein, Vila Nova Star, São Luiz, Blanc e Santa Catarina Paulista.

Entre as vantagens da cirurgia robótica para o paciente, listadas pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), estão o menor risco de infecção, diminuição da perda de sangue e menor tempo de recuperação.

Segurança

No Brasil, a primeira cirurgia robótica aconteceu em 2008, mas a regulamentação só foi realizada este ano pelo CFM. A resolução define a cirurgia robótica como modalidade minimamente invasiva de tratamento cirúrgico, que deve ser usada para o tratamento de doenças em que já se tenha comprovada sua eficácia e segurança.

Além disso, não é qualquer cirurgião que pode utilizar esta tecnologia: antes o profissional precisa capacitar-se nas residências médicas, pelas sociedades de especialidade, por hospitais ou por um cirurgião instrutor. 

As empresas que desenvolvem os equipamentos robóticos e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica também realizam treinamentos e provas teórico-práticas para credenciar e certificar o cirurgião.