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Mercado de IoT atingirá US$ 17,68 bilhões até 2030

Com mais de dois dispositivos por habitante, governança de dados é o principal desafio para o mercado IoT ter crescimento anual de 47,6%.

Existem dois dispositivos inteligentes conectados à internet das coisas (IoT) por habitante do mundo – são 14,4 bilhões de aparelhos. Segundo a consultoria IoT Analytics, o número aumentará para 27 bilhões em 2025. Não à toa, estudo da Meticulous Research aponta para crescimento anual de 47,6% deste mercado, atingindo o valor de US$ 17,68 bilhões em 2030.

Isso se deve à difusão do 5G, que fará com que os dispositivos se conectem com maiores velocidades e melhor desempenho no compartilhamento de dados. Agricultura, transporte, varejo e saúde são os setores apontados como estratégicos para o crescimento dos investimentos na tecnologia.

Mercado de IoT brasileiro possui potencial, apesar de gargalos

No que tange o mercado brasileiro, a IoT mantém esta tendência de alta. Segundo o estudo ISG Provider Lens Internet das Coisas (IoT), realizado pela ISG e a Associação Brasileira de Internet das Coisas (Abinc), a combinação de inteligência artificial e ciência de dados será central para o crescimento do mercado nacional.

Com a publicação do Plano Nacional de IoT, em 2019, foi estabelecida a livre circulação de dados e concorrência dos dispositivos inteligentes no país. Para David de Paulo Pereira, analista da TGT Consult/ISG, isso amadureceu os serviços relacionados à internet das coisas. “A gestão e o monitoramento de ativos de toda natureza e o uso de dados e IA para tomada de decisão passaram a ser comuns em áreas como telecomunicações, agronegócio, medicina, logística e, com mais frequência, em processos fabris”, conta.

Segundo ele, o mercado brasileiro de IoT está em pé de igualdade com os principais países do mundo no âmbito de qualidade tecnológica. Apesar de menor, possui enorme potencial de crescimento. Já Paulo Spaccaquerche, presidente da Abinc, concorda. “O Brasil está acompanhando os avanços mundiais com uma pequena defasagem por conta da nossa infraestrutura, e não por falta de conhecimento”, disse.

Desta forma, os principais gargalos estruturais no uso da IoT em terras tupiniquins são a manutenção de equipamentos, sustentação de aplicações e evolução de soluções. “Outro ponto crítico, principalmente no Brasil, é a mão de obra. Os fornecedores devem ficar atentos para reter e formar talentos”, explica Pereira.

Governança e proteção de dados são desafio da IoT

Para Nick Jones, vice-presidente da Gartner, usar a IoT é central para se destacar no mercado. Principalmente no que tange o uso dos dados. “Eles são o combustível que fortalece a Internet das Coisas e a capacidade das organizações de criarem valor a partir dessa base de informações é o que definirá o sucesso a longo prazo”, explica.

Segundo pesquisa da Gartner, 35% dos entrevistados vendem dados coletados por serviços ou planejam fazê-lo. Este valor estratégico apontado pela consultoria, no entanto, precisa seguir a ética e legislação de proteção de dados. “A implantação bem-sucedida de uma solução de IoT exige que ela não seja apenas tecnicamente eficaz, mas também socialmente aceitável”, diz Jones.

Por isso, a governança é vista como o principal desafio do setor. Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial, 80% dos especialistas apontam para a falta de informação e políticas de proteção de dados como gargalos que impedem a IoT de atingir seu potencial.

Esta falta de conhecimento se aplica, em muitos casos, por produtores não terem total sobre como os dispositivos podem ser usados. “Isso faz com que não saibam quais os níveis de segurança necessários”, explica Madeline Carr, professora de cibersegurança na University College London.

Além disso, normas como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) ainda enfrentam obstáculos na proteção pessoal. Por exemplo, 500 mil anúncios online infringiram a legislação na Europa entre maio e agosto de 2021. No Brasil, foram mais de 6,9 mil denúncias à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).

“Um objetivo maior é a mudança da cultura de proteção de dados no Brasil. Muitas vezes o titular se sente lesado, mas saiu distribuindo seus dados pessoais sem nenhum questionamento”, explica Waldemar Gonçalves, presidente da ANPD.

2023 marcará o surgimento de dispositivos mais inovadores

Com a questão de proteção de dados se tornando central para o avanço da IoT, a inovação em sensores é outra tendência apontada pela como forte. Segundo a Gartner, a criação de novos sensores permitirá o surgimento de dispositivos mais abrangentes, acessíveis e inovadores.

E já existem aparelhos inesperados no mercado. Por exemplo, o i.Con é um preservativo que usa a IoT para acompanhar o desempenho sexual do usuário. Já a Onvi Prophix é uma escova de dentes inteligente que usa uma câmera para assistir a escovação no celular e a Kuvée Smart é uma garrafa de vinho que conserva a bebida e oferece informações sobre ela.

Não à toa, uma das principais tendências apontadas pela Gartner é o surgimento de novas tecnologias e técnicas de design voltadas para a experiência do usuário na IoT. Além de novos sensores, serão implementados novos algoritmos, arquiteturas e experiências sociais.

Entre os agentes incentivadores da criação de novos usos para a IoT está a plataforma para streamers IOXtream. Focada em criar experiências imersivas com o uso de dispositivos inteligentes, ela permite que o público interaja com elementos no ambiente do criador de conteúdo.

“O engajamento está não só na tela, mas em qualquer coisa no ambiente ao redor do streamer. Queremos trazer essa mudança de cultura ao universo dos criadores de conteúdo e fazê-los entender que qualquer coisa no ambiente dele pode ser fonte de receita”, explica o CEO Lucas Longhi.

Para isso, a IOXtream possui uma lista de dispositivos compatíveis com a plataforma e que podem ser usadas pelos streamers. Com o modelo de rede de engajamento de ponta a ponta, a plataforma aposta na participação da comunidade para a sugestão e criação de novos dispositivos IoT compatíveis.

“Nosso objetivo é ter um ecossistema de entusiastas que gostem do projeto e criem funcionalidades, permitindo que todos cresçam juntos e tragam esta mudança de cultura ao universo dos streamers”, conta Longhi.

Com ou sem descentralização, a criação de soluções seguras será central em 2023. “Veremos a implantação de combinações de hardware e software que, juntos, criarão ambientes de IoT mais confiáveis e seguros”, prevê Nick Jones.