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Sociedade Brasileira de Urologia alerta para hiperplasia prostática a partir dos 50 anos

Especialista de Santos mostra os riscos da doença que rendeu mais de 22 milhões de atendimentos ao SUS em 2022 

Muitos homens tendem a negligenciar sua saúde e bem-estar, deixando de realizar exames preventivos, ignorando sintomas e adotando hábitos não saudáveis. Essa falta de cuidado pode levar a consequências sérias para a saúde, diminuindo a qualidade de vida e, em alguns casos, até mesmo colocando a vida em risco.

Buscando conscientizar o público masculino sobre o problema mais comum encontrado na próstata, a hiperplasia prostática benigna (HPB), a Sociedade Brasileira de Urologia divulgou uma pesquisa afirmando que cerca de 50% dos indivíduos acima de 50 anos a tem, e essa prevalência aumenta com a idade, podendo chegar a 80% nos homens entre 70 e 80 anos.

Mas o que é HPB? O médico urologista Heleno Diegues Paes explica que essa é uma das condições inerentes do envelhecimento masculino, onde ocorre o aumento volumétrico da próstata que acomete os homens, principalmente a partir dos 50 anos.

“A próstata tem uma tendência a crescer com o passar dos anos. No adolescente e adulto jovem a velocidade de crescimento é muito pequena. Mas a partir dos 40 anos, a velocidade vai aumentando, quando começam a surgir as manifestações clínicas desse aumento. Isso pode ser motivado pelo hormônio testosterona e por fatores genéticos e ambientais, o que justifica a diferença de sua apresentação entre os homens.

Como o HPB determina algum grau de obstrução da uretra, dificultando em maior ou menor grau a passagem da urina, existem pessoas praticamente assintomáticas e pessoas que sofrem bastante para urinar.

Neste caso, alguns sintomas que ajudam a identificar o problema são o jato urinário fraco, necessidade de esforço para ajudar a micção, jato urinário intermitente e prolongado, sensação de resíduo urinário após a micção, gotejamento terminal de urina, aumento da freqüência urinária, necessidade de acordar à noite para urinar.

E mesmo com sintomas, Heleno Paes diz que muitos não procuram ajuda primeiro porque não sabem que possuem um problema. À exceção dos casos extremos, onde estes homens têm sintomas muito intensos, os homens vão evoluindo com uma deterioração da micção de maneira muito lenta e progressiva, e passam a considerar sua micção como uma condição normal. Na verdade um “novo” normal.

Segundo dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) do Ministério da Saúde, só no ano passado foram mais de 22 milhões de atendimentos no SUS devido a HPB no País. O médico explica o motivo desse aumento.

“Isso se deve principalmente ao envelhecimento da população. É nítida a inversão da pirâmide demográfica no Brasil. Você pode verificar, por exemplo, a preocupação dos governantes com o colapso do sistema previdenciário devido este efeito. Será cada vez mais comum as doenças inerentes ao envelhecimento”, afirma Paes.

Riscos

A uretra é o canal que leva a urina da bexiga para fora do corpo, atravessando o interior da próstata. O crescimento da próstata, em alguns homens, passa a comprimir esta porção da uretra, por um efeito de massa, mesmo. Dessa forma a bexiga passa a realizar um maior esforço de contração para eliminar a urina.

Segundo o especialista, com o passar dos meses e anos, esta bexiga sofrerá um desgaste e adaptações que poderá se manifestar com uma maior reatividade, levando ao quadro de bexiga hiperativa, ou então entrar em falência, evoluindo com a retenção urinária. Além de que o maior resíduo de urina aumenta o risco de infecções e formação de cálculos.

“O maior risco é evoluir com uma deterioração irreversível do funcionamento da bexiga. Isso pode levar a necessidade de uso de sondas, a risco de infecções e insuficiência renal”, diz o médico.

O diagnóstico do HPB é realizado pela história clínica, onde é questionado o padrão miccional da pessoa, pelo exame físico, que é o exame de toque, e pelo exame de ultrassom da próstata.

Após identificar o problema, ele pode ser tratado com medicamentos e cirurgias. “O objetivo é promover a desobstrução do trato urinário e trazer de volta a micção satisfatória a estes pacientes”.

Por isso, não há dúvida: ao perceber qualquer situação diferente da habitual, é preciso consultar o urologista e iniciar imediatamente o tratamento. “Após iniciado o tratamento, que é crônico, devem ser realizadas avaliações periódicas para verificar se as coisas estão indo bem”, completa Paes.

Somente assim é possível garantir que os homens possam ter uma vida mais longa, saudável e plena. Ao cuidar da saúde, os homens não apenas se beneficiam pessoalmente, mas também têm um impacto positivo em suas famílias e comunidades.

Sobre Heleno Paes

Santista de nascimento e criação, começou a se interessar pela medicina no final do ensino médio, quando precisou socorrer um amigo com cólica renal. Posteriormente esteve em uma excursão promovida pela escola para ajudar os estudantes a escolher a profissão, e conheceu a faculdade de medicina da USP. Ficou maravilhado com o estudo do corpo humano, com as peças do laboratório de patologia, e decidiu que era isso que queria fazer. Assim, ingressou na Faculdade de Medicina do Centro Universitário Lusíada, em Santos, em 1997.

Após seis anos, concluiu a graduação e se alistou no Exército. Foi para a Amazônia à serviço do Exército e realizou diversos trabalhos junto à população carente local. Após um ano, regressou e foi morar em São Paulo, onde se especializou em cirurgia geral no Hospital Municipal do Tatuapé, depois em Urologia no Hospital Santa Marcelina e, por fim, em Transplante Renal na mesma instituição.

Nesse período, fez cursos em microcirurgia, videolaparoscopia e outros relevantes para sua formação. Atualmente, atua como médico assistente das subespecialidades Uro-oncologia e Transplante Renal do Hospital Santa Marcelina, o maior hospital da Zona Leste de São Paulo. É também preceptor do internato médico e da residência médica e dá aulas na Faculdade de Medicina Santa Marcelina. Em Santos, pratica a medicina em seu consultório, onde dedica todos os esforços e conhecimento para cuidar de seus pacientes.