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Enjoo na hora da comida não é birra da criança; entenda o problema

A fonoaudióloga especializada em seletividade alimentar, Carla Deliberato, explica a ânsia de vômito no período da introdução alimentar

Resistência aos alimentos e comportamento de ânsia de vômito é mais comum e sério do que você pode imaginar. Encarar tal comportamento dos pequenos como “birra” ou frescura pode ser completamente inadequado por parte dos pais e responsáveis. De acordo com Carla Deliberato, fonoaudióloga especializada em seletividade e recusa alimentar, a diversidade alimentar da criança pode ser completamente comprometida, se tal momento for negligenciado.

Quando a família observa que a criança tem náuseas, ânsia de vômito durante as refeições, a primeira coisa é pensar que sua saúde não vai bem. Carla explica que a criança pode estar tendo problemas orgânicos, como gastrite, refluxo gastroesofágico, outras doenças gastrointestinais, casos médicos mais graves, ou com uma recusa e/ou seletividade alimentar.

Nesse último caso, o alimento que causa a ânsia provavelmente possui uma textura a qual o pequeno não está lidando bem. “Por exemplo, a criança vai comer arroz e sente náusea. provavelmente a textura do grão espalhado pela boca causa essa sensação nela. Quando a criança tem isso de maneira muito recorrente, tem que investigar, podem ser questões médicas ou questões relacionadas à sensibilidade oral”.

Outra coisa são crianças que não conseguem processar o alimento na boca. “Vamos imaginar um alimento mais difícil, alimentos fibrosos como carnes, muito duros como torrada, às vezes ela não mastiga de maneira adequada, ela vai tentar engolir e não consegue porque não fez a preparação adequada. Ela sente um desconforto e pode ter uma reação de ânsia de vômito”, diz Carla.

Insistir para a criança comer o alimento não é indicado. Ela pode associá-lo a uma coisa negativa e impulsionar ainda mais o sentimento de rejeição. “A família tem que perceber o alimento, qual a textura, que situação que é para a investigação do problema ser a melhor possível”, diz a profissional.

Para ajudar ainda mais no processo de introdução alimentar, e evitar náuseas, Carla separa três dicas:

1 – Procure oferecer alimentos com características comuns e inicie com aqueles que a criança goste e aceite com facilidade antes de oferecer outras opções;

2 – Comece a introduzir um alimento novo em pequenos pedaços para que a criança se acostume aos poucos;

3 – Se o alimento for aceito, procure colocá-lo com frequência no cardápio.

Sobre Carla Deliberato: 

Carla Deliberato é fonoaudióloga formada pela PUC-SP desde 2003, com vasta experiência em atendimento clínico, hospitalar e domiciliar de pacientes com dificuldades alimentares (disfagia, recusa alimentar e seletividade alimentar), sequelas neurológicas e oncológicas do câncer de cabeça e pescoço, síndromes, além de atuação em comunicação alternativa e voz.

Tem passagem pelo Instituto do Desenvolvimento Infantil, Clínica Sainte Marie, Hospital Israelita Albert Einstein, Associação de Valorização e Promoção do Excepcional (AVAPE), Associação para Deficientes da Áudio-Visão (ADefAV), Unidade de Vivência e Terapia (UVT), entre outras instituições.

Passou a entender e atuar com recusa e seletividade alimentar por conta da maternidade, quando descobriu que a segunda filha, a Isabela, tinha resistência aos alimentos, além de sofrer com náuseas recorrentes durante o processo de introdução alimentar.