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8 entre 10 estudantes brasileiros têm concentração prejudicada nas aulas de matemática por uso de celular, revela pesquisa do Pisa

É uma proporção maior que a da OCDE que aponta 6 em cada 10 estudantes da mesma faixa etária

O Pisa, principal avaliação mundial da educação, aponta que o uso do celular nas aulas prejudica o aprendizado. A mais recente pesquisa, divulgada em dezembro de 2023, revela que oito em cada dez estudantes brasileiros de 15 anos admitiram que se distraem com o uso de celulares nas aulas de Matemática.

É uma proporção maior que a da OCDE, onde seis em cada dez estudantes da mesma faixa etária se desconcentram com o uso dos aparelhos. Este é um dos motivos pelos quais as escolas começam a proibir o uso de celulares durante a aula.

Na Escola Lourenço Castanho, rede privada de Ensino Infantil, Fundamental e Médio de São Paulo, a proibição entrou em vigor neste ano com resultados já considerados “muito positivos” por Daniela Coccarodiretora do Ensino Médio da Escola Lourenço Castanho.

“Os alunos encararam melhor do que a gente imaginava e avaliamos como uma decisão acertada. Ao longo do ano passado, discutimos com toda a comunidade escolar a presença desses dispositivos nos espaços da escola, inclusive com o apoio de psicólogos e especialistas em educação. Acreditamos que a transição esteja sendo suave e tendo boa aceitação por ser o resultado de um processo construído conjuntamente.

Decisão é para todos

No comunicado distribuído no fim do ano letivo de 2023, a escola informou que, a partir deste ano, os alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental Anos Iniciais (1º ao 5º ano) não poderiam levar o celular para a escola.

Estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) só podem usar o aparelho nos horários de entrada e saída e a proibição se estende a todo o período de aulas, incluindo o intervalo. Para os alunos do Ensino Médio, a escola autoriza o uso do celular apenas durante o período do lanche, por razões de autonomia progressiva.

A regra também vigora entre professores, educadores, inspetores e colaboradores, que não podem mais usar o dispositivo nos espaços de aprendizagem nem nos corredores.

Mundo está proibindo o celular na aula

Para Daniela, a medida vai ao encontro de um movimento adotado por algumas escolas em países considerados referência em educação, como Finlândia e Suécia. “Já antes da pandemia o uso exacerbado do celular chamava a atenção pela distração gerada em sala de aula quando usado sem mediação adequada e por seus impactos nas relações humanas. Hoje, após um longo período de confinamento compulsório, em que as interações foram maciçamente conduzidas por meio de telas, ainda vivemos um momento de resgate e reconstrução da convivência presencial coletiva.”

Para reforçar o convívio e oferecer alternativa ao celular, a escola promove atividades no intervalo, como oficinas de trabalho manual e de criatividade. “Tomamos esse cuidado principalmente com os alunos mais novos, para promover momentos de integração e fortalecer vínculos que o celular amorteceu”, segundo Daniela.

Parceria família-escola

Para que a medida funcione, as famílias precisam se envolver. A escola criou e está aplicando as regras com base nas consultas à comunidade escolar, mas os pais precisam apoiar a decisão chamando a atenção dos filhos quando eles descumprem o combinado, disse a diretora.

“Os alunos precisam de limites claros e francos, embasados em argumentos. É o que fazemos na escola e, como nas demais propostas educacionais, o apoio das famílias faz toda a diferença.”

Sobre a Escola Lourenço Castanho

Oferece um projeto pedagógico inovador, que extrapola o trabalho com os conteúdos produzidos pelas grandes áreas do conhecimento, investindo também no desenvolvimento da autonomia e da crítica, na análise da dimensão social construída pelos estudantes e na vinculação com o saber. Ao longo dos anos, a Escola mantém o compromisso com seus princípios, consolidando a formação integral como a base de seu projeto pedagógico-educacional.

Sobre Daniela Coccaro

Graduada em Química e mestre em Biomonitoração Ambiental e Tecnologia Nuclear pela Universidade de São Paulo. É professora de Química desde 1996. Foi coordenadora de série e de Projeto Científico do Ensino Médio da Escola Lourenço Castanho e hoje atua como diretora pedagógica do Ensino Médio na mesma instituição.