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[Opinião] Marcha pela Ignorância – por Gabriel Ogata Nogueira

chargeUm regresso para a sociedade achar que a família é o único meio em que o indivíduo deva permanecer até os últimos dias de sua vida. Não vivemos em uma bolha e pais não são eternos. Essas ‘grandes’ reuniões (6 em recife, 16 em BH e por aí vai) pedem desesperadamente a volta das forças armadas, como se os militares tivessem uma administração pública a prova de corrupção. Coisas de Bolsonaro! Estamos longe de ter lideranças políticas exemplares, mas pedir a volta dessa trupe ao poder é colaborar com a censura e as arbitrariedades ministeriais. Conforme a charge de Alpino: na marcha da Família com Deus, o próprio Deus fez questão de estar ausente.

Em alguns campos ter um regime militar pode até ser nostálgico, como na instituição escolar: no período disciplina era o forte e aluno sempre perdia a voz para o professor. Todavia, o mesmo, em determinados casos, explicava de forma tradicional, sem dar chance a questionamentos, muito menos posicionamentos, por parte aluno.

Se hoje se peca pela liberdade exagerada aos discentes, naquela época o ensino era na base da decoreba, e pouco rendia – basta perguntar aos avós e pais de hoje do que mais se recordam da época: o conteúdo ensinado ou o jeitão temeroso dos professores ao adentrar a sala? Lembrando que Paulo Freire, o grande educador que combateu a pobreza, foi exilado por ser ‘permissivo’ de acordo com os militares.

Os ufanistas defendem que nos anos de chumbo a economia rendia bons frutos. Fosse assim então por quê o Milagre Brasileiro só piorou a dívida com os EUA? Por falar nos ianques, está mais do que comprovado sua participação no golpe, assim como o fez em toda a América do Sul. E qualquer tipo de organização sindical ou representação política – protestos, greves ou mesmo reuniões – era sufocado e silenciado, por bem ou por mal.

Sintetizando tudo, e para esclarecer aos falsos saudosistas que ainda preferem as fardas do que o terno vestindo o Executivo, voltar para a ditadura faria o Brasil voltar aos tempos de censura, tortura e vista-grosso por qualquer meio que deveria nos proteger, distorcendo todas as leis possíveis em favor de um ‘nacionalismo’ e ‘civismo’ em nome da pátria. Talvez seria menos pior que a ignorância do povo que mal sabe por quê protesta? Que somos ‘Todos Fulanos’ sem mesmo saber quem? Taxando grupos organizados de baderneiros?

Ditadura não é a solução para os problemas do Brasil, mas o atual partidarismo político, que estiveram juntos nos palcos das Diretas Já em 1985, é péssimo no que diz respeito às medidas e transparência. Sorte de Tancredo, que não viveu para ver pelo que lutou. Azar o nosso.

por Gabriel Ogata Nogueira »