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INFORMAÇÕES PARA ENTENDER A TENSÃO EUA X IRÃ (SEJA VOCÊ BOLSOMITO OU LULALIVRE)

Muitas notícias e opiniões foram ventiladas mídia afora após a morte de Qassem Soleimani, homem forte da política e do exército do Irã, após desembarcar no Iraque. Para não ficar preso a memes malfeitos ou fake news de péssimo gosto lá vai:

– O impasse diplomático é antigo: vem se arrastando, com altos e baixos, desde a Revolução Islâmica no Irã em 1979, quando todas influências estadunidenses foram expulsas do país;

– Os EUA não atacaram ‘do nada’: o Irã vinha testando a paciência de Trump & Cia revogando acordos, com discursos inflamados, atacando navios petroleiros e permitindo ataques a embaixadas;

– O Irã não é de origem árabe: sua formação é persa e, apesar de ter a mesma religião predominante em quase todo o Oriente Médio, existem desavenças entres eles próprios (ramificação sunita vs xiita);

– O Irã não é um país santo: há décadas vive sob um governo de aiatolás (fusão de chefe político e religioso em uma única pessoa), com condenações a homossexuais e censuras diversas às mulheres. Além disso, patrocinam grupos terroristas (Hezbollah) e governos ditatoriais (Al Assad na Síria). Talvez o único consenso com o tio Sam é ter o Estado Islâmico como inimigo;

– É pouco provável, porém não impossível, uma Terceira Guerra Mundial: em 1939 a trupe de Hitler e Mussolini se lançou em invasões estratégicas em escala global (Stalingrado, Pearl Harbor, Dunkirk, Gdanks e Manchúria). Dessa vez, TEORICAMENTE, o embate seria entre dois países e não entre grupos;

– O ataque dos EUA não tem nada a ver com ‘Liberdade e Democracia’: o interesse, que nunca será admitido pelos yankees, está no campo comercial, mais especificamente petrolífero, e político. Fosse assim Trump, ou até mesmo seus antecessores, já teriam atacado alvos norte-coreanos, chineses e o próprio Fidel Castro antes de morrer ‘naturalmente’.

– Pode haver retaliações: os atentados de 2001 (Nova York), 2004 (Madrid) e 2005 (Londres) foram respostas claras de grupos terroristas às intervenções militares dos EUA no Oriente Médio;

– O ocorrido já afetou, e pode afetar ainda mais, a economia mundial: o preço do barril do petróleo disparou como uma resposta do Irã, responsável pela produção de quase 20% da produção mundial. OBS: Não confundir produção com refino!

– O Brasil deve ficar atento ao comércio com ambos os envolvidos: O Irã compra uma quantia razoável da soja brasileira, junto a outros produtos primários, somando US$224 bilhões em 2019 (tímido 23º lugar no ranking dos compradores) e acordos com os EUA envolvem o aço;

– Nem Brasil, nem Argentina, nem Alemanha (a grande culpada pelas duas guerras mundiais) devem se posicionar politicamente ou militarmente na tensão: não temos influência tampouco poderio para tal e até mesmo as nações com moral estão adotando, pelo menos até o momento, cautela (França, Reino Unido, China e Rússia);

Aguardemos os próximos capítulos desse seriado House of Cards, com ares de Homeland e dirigido por Michael Moore. Críticas, atualizações e sugestões mais do que bem-vindas.

Algumas fontes:
https://diogoschelp.blogosfera.uol.com.br/…/como-seria-um…/…
https://oglobo.globo.com/…/ataque-de-missil-dos-eua-mata-co…

Foto: Nazanin Tabatabaee via Reuters

por Gabriel Ogata Nogueira