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Como o coronavírus se espalhou pelo mundo

Tudo começou em 2019, em Wuhan, China. No início, pensava-se que fosse um quadro de pneumonia atípica (apresentação incomum), algo não muito grave, que não parecia ser muito transmissível. O que ninguém esperava é que essa doença tivesse uma alta taxa de transmissão e que o mundo se depararia com uma pandemia.

Depois que muitos mais casos começaram a ser detectados e o vírus começou a ser estudado, este recebeu o nome de SARS-CoV-2, ou novo coronavírus. A doença causada por esse vírus passou a ser chamada de COVID -19. No entanto, apesar de já ter passado mais de um ano desde que esse vírus paralisou grande parte do mundo, surge a pergunta: como esse vírus alcançou tantos lugares, grandes cidades e vilarejos

remotos? Seria devido à sua capacidade de infectar ou espalhar-se antes mesmo que as pessoas soubessem que estavam doentes?

Ainda há muitos questionamentos e incertezas sobre a COVID-19, porém, o que foi vivenciado até hoje pode ser explicado.

Eficácia e rapidez na transmissão

Para entender a transmissão do vírus, devemos ter em mente a sua capacidade de transmissão ou quanto a doença pode espalhar-se na população. Quando esse número é menor ou igual a 1, espera-se uma queda no número de casos. Porém, quando alcança valores maiores que 1, espera-se um aumento no número de casos. Para exemplificar, se a taxa de transmissão é 2, isso significa que uma pessoa infectada pode infectar duas pessoas. Se a taxa é de 0.5 quer dizer que necessitaria de 2 pessoas com COVID-19 para que 1 pessoa se infecte.

Soma-se a isso os eventos de ‘super contágio’, onde observa-se que a taxa de transmissão pode chegar a 80 (uma pessoa infecta 80 outras) especialmente em locais onde há pouca ventilação natural, o uso de ventilação artificial, pouca distância física e pouca aderência ao uso de máscaras são combinações perfeitas para alcançar essas altas taxas de transmissão.

Outra informação importante para entender a extensão dessa pandemia é o período de incubação, que vai desde a infecção até a apresentação dos sintomas. Pode-se usar a influenza como exemplo por ser um vírus conhecido que tem um curto período de incubação, de 1 a 4 dias. Para o vírus SARS-CoV-2 o período de incubação estende-se de 2 à 14 dias com média de 5 à 7 dias, o que significa que a pessoa infectada, possivelmente, passou de 5 a 7 dias espalhando o vírus sem saber.

O principal mecanismo de contágio da COVID-19 é a transmissão por gotículas (pequenas gotas de saliva) que são expelidas ao espirrar, tossir ou até mesmo falar. Portanto, sem o uso da máscara facial, o simples ato de falar sem distanciamento físico (cuja sugestão é que seja de 1,5 a 2 metros) pode infectar outras pessoas.

A isso, se soma a transmissão por aerossóis (gotas microscópicas suspensas no ar) que são liberadas ao tossir ou espirrar. Essas partículas são mais finas que gotículas e atingem distâncias maiores. Sendo assim, embora o distanciamento seja essencial para reduzir o contágio de gotículas, ele não é o suficiente quando trata-se de gotas microscópicas, mostrando a grande capacidade de transmissão do vírus.

Outro risco são os portadores assintomáticos, ou levemente sintomáticos. Há pacientes que apresentam episódios muito leves de desconforto, como congestão nasal, coriza, cansaço, dores nas articulações e diarréia, que podem ter alguns dias de desconforto e que passam despercebidos por quem os sofre, por isso, essas pessoas podem espalhar o vírus sem saber.

Os pacientes diagnosticados com COVID-19 são extremamente contagiosos até mesmo 2 dias antes do início dos sintomas e até 10 dias depois de apresentar sintomas. Portanto, são nesses dias que deve-se ter mais cuidado para evitar o contágio.

Combinação perfeita

A mistura de uma alta taxa de contágio, com um longo período de incubação, casos assintomáticos ou pouco sintomáticos, transmissão por aerossóis ou gotículas junto com eventos de super contágio são a mistura perfeita para que este vírus chegue às proporções épicas que alcançou até agora.

Emergência de saúde global

Até o momento já sabemos que os coronavírus são um grupo de vírus muito comum entre os animais, porém podem afetar pessoas também. Como previamente mencionado, no início da pandemia era difícil para os cientistas entenderem esse vírus pois, apesar do que já se sabia sobre ele, não se acreditava que possuísse um risco tão grande.

Depois que os primeiros casos de COVID-19 foram detectados, na China, em dezembro de 2019, em janeiro de 2020 as autoridades sanitárias chinesas decidiram fechar o mercado atacadista de frutos do mar de Huanan, pois descobriram que provavelmente os animais selvagens que ali eram vendidos poderiam ser a fonte do vírus.

No entanto, o vírus ainda não era conhecido ao certo, pois a China anunciou que os casos desconhecidos de pneumonia não correspondiam a SARS ou MERS. Em 7 de janeiro, foi relatado que o vírus havia sido detectado como um novo coronavírus, que a OMS chamou de início 2019-nCoV.

Em 11 de janeiro, foi anunciada a primeira morte causada pelo novo coronavírus em Wuhan, um homem de 61 anos que faleceu em 9 de janeiro após sofrer de insuficiência respiratória. Posteriormente, a China compartilhou a sequência genética do coronavírus para que os países desenvolvessem seus diagnósticos e se preparassem.

Em fevereiro, mais casos e mortes pelo vírus começaram a ser notificados, o que levou a OMS a batizá-lo de COVID-19 em 11 de fevereiro de 2020. Um mês depois, a OMS declara o surto do novo vírus como pandemia, o primeiro causado por um coronavírus, sem saber que essa pandemia duraria, pelo menos, um ano.

Apesar de em alguns países as infecções terem diminuído e de já terem sido lançadas vacinas contra este vírus, continuamos numa emergência sanitária e devemos manter as medidas preventivas. Portanto, é muito importante estar atento aos sintomas da COVID-19 e agendar consultas com os profissionais mais indicados no doctoranytime.

Artigo publicado com garantias médicas, em colaboração com grupo científico do doctoranytime.

Referências:

Ninomiya, V. Y. (2020). Entenda o que é taxa de transmissão da covid-19! Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.

Wiersinga, W. J., Rhodes, A., Cheng, A. C., Peacock, S. J., & Prescott, H. C. (2020). Pathophysiology, Transmission, Diagnosis, and Treatment of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). JAMA, 324(8), 782.

Hamner, L. (2020, May 14). High SARS-CoV-2 Attack Rate Following Exposure at a Choir Practice . . . Centers for Disease Control and Prevention.

The Washington Post

Trilla, A. (2020, March 13). One world, one health: The novel coronavirus COVID-19 epidemic | Medicina Clínica (English Edition). Medicina Clinica.