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O que é mito e o que é verdade quando o assunto é tatuagem?

Especialista explica os detalhes que você deve se atentar ao eternizar uma arte na pele

Até pouco tempo atrás, ter uma tatuagem era sinônimo de rebeldia, de enfrentar o sistema e de não seguir padrões. Havia até mesmo aqueles que relacionavam as tatuagens a atos ilícitos, como o consumo de drogas, crimes ou gangues. Mas, a verdade nua e crua é que essa manifestação artística, eternizada na pele, é apenas um adorno, uma espécie de acessório, algo que a pessoa tem vontade, vai lá e faz. Nada tem a ver com as fake news que por muito tempo habitaram a cabeça dos haters.

Porém, não são poucas as mentiras que circulam por aí e que são ligadas diretamente às tatuagens. Quem esclarece alguns mitos e verdades sobre o assunto é o especialista Camilo Tuero, tatuador há mais de 20 anos e que leva na bagagem mais de 200 prêmios.

Existem alimentos que não são recomendados após fazer uma tatuagem

Verdade – Segundo Tuero, isso é verdade! Ele diz que alguns alimentos, principalmente aqueles mais gordurosos ou com potencial de gerar alergias, devem ser evitados. “O ideal é ter uma alimentação balanceada, que colabore para a cicatrização. Da mesma maneira que você seguiria se fizesse uma cirurgia, por exemplo. Eu recomendo que meus clientes evitem chocolate, gordura animal, ovos e frutos do mar, principalmente”, diz.

Posso usar qualquer creme hidratante na tatuagem

Mito – Hidratar a pele é fundamental no processo de cicatrização de uma tatuagem. Porém, nos primeiros dias é fundamental seguir a recomendação do profissional que fez o serviço. Existem pomadas específicas para esse fim e utilizar qualquer produto pode não só interferir no resultado, como gerar problemas maiores. “Eu recomendo sempre o mesmo produto, com o qual já trabalho há muito tempo e tem como base o D-pantenol e óleo de Andiroba. A textura é de creme e ela é dermatologicamente testada. Em hipótese alguma eu digo para as pessoas usarem qualquer tipo de solução caseira”, alerta o tatuador.

Tenho que usar protetor solar para sempre

Verdade – Uma vez que a tatuagem está cicatrizada e 100% seca, sem nenhuma casquinha ou pele sobrando, é hora de começar a usar o protetor solar. Quanto a isso, Tuero é categórico: “se está em local exposto, tem que estar com filtro solar”. Isso porque, segundo ele, os raios solares podem desbotar a pele, deixando o resultado da tatuagem prejudicado e, além disso, todo mundo já sabe que o câncer de pele existe e pode ser evitado justamente com o protetor solar.

Existem partes do corpo que doem mais que outras

Parcialmente verdade – Nessa questão, Tuero explica que não dá para afirmar 100%, uma vez que o nível de dor vai além do local do corpo em questão, mas também depende da sensibilidade de cada um. “Tem cliente que quase dorme nas sessões, tem outros que deixam escapar umas lágrimas. Depende muito de como cada um reage à dor. É comum, por exemplo, que pessoas que estejam menstruadas fiquem mais sensíveis pela variação hormonal. No quesito dor, de fato, não existe uma regra”, comenta.

Posso usar pomadas anestésicas para tatuar

Mito – Embora seja o sonho de muitas pessoas, o uso de pomadas anestésicas não é recomendado para quem quer tatuar. Isso por dois motivos principais. O primeiro é que a legislação brasileira determina que apenas médicos e dentistas podem administrar anestésicos e, segundo, porque a arte a ser tatuada pode ficar prejudicada com o uso dos produtos.

Gravidas e lactantes não podem fazer tatuagem

Verdade – A tatuagem é um processo que, de certa maneira, machuca o corpo. A aplicação da tinta na pele pode, por vezes, chegar à corrente sanguínea e acarretar em infecções no bebê. “Pelo sim, pelo não, melhor esperar e tatuar quando não precisar amamentar mais”, recomenda o especialista.

Sobre Camilo Tuero

Camilo Tuero é conhecido e reconhecido internacionalmente por seu trabalho ultrarrealista. Atuando há mais de 20 anos, o artista coleciona mais de 200 prêmios, número que chama atenção, principalmente, se comparado com o de outros artistas do mesmo ramo. Autodidata, o tatuador iniciou sua carreira em sua cidade natal, Lima (Peru), aos 16 anos. Ele conta que a escolha da profissão foi “porque quando você marca a vida de uma pessoa de maneira positiva, você acaba se tornando imortal”.

Com um portfólio vasto, preenchido por trabalhos de diversos estilos, Tuero não se intimida e garante que faz qualquer tatuagem, mas seu forte e estilo preferido é o realismo. “Eu costumo fazer um retrato em três horas aproximadamente, um tempo razoavelmente rápido e que permite que o cliente não precise voltar para fazer várias outras sessões”, explica.

A pele humana não é a única tela utilizada por Tuero para demonstrar seu talento e sua arte. Em seu estúdio, o Monsters House Tattoo, quadros pintados por ele mesmo dão o toque da sua personalidade à decoração moderna.

Atuando em São Paulo desde 2015, Tuero é, na maioria das vezes, escolhido pelos clientes para homenagear entes queridos, santos de devoção e até animais de estimação. Foi ele quem eternizou, por exemplo, o amor do humorista Ceará por sua filha Valentina.

Tuero elege alguns artistas como suas principais referências, como Robert Hernandez, Filip Leu e Shige. “Eu tenho essa preferência pela facilidade em dar vida às coisas e aos desenhos. Fora isso, também gosto de desenhos obscuros, ligados ao terror, mais marcantes”, diz.

A qualidade do trabalho do artista é fruto de muita dedicação e estudo. “Eu tenho um olhar muito crítico sobre o que eu faço. Analiso cada detalhe durante o processo e depois também. A minha maior satisfação é deixar os clientes felizes e realizados com a tatuagem’, conta.

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