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Novo tratamento para o câncer de pulmão

Estudo revela informações sobre proteínas que podem melhorar o tratamento da doença

Uma equipe de cientistas liderada por pesquisadores da Universidade de Edimburgo descobriu que os níveis da proteína toll-like receptor 2 (TLR2) em tumores podem ajudar a controlar alguns dos mecanismos de defesa do corpo quando ocorrem mutações cancerígenas nas células. O estudo intitulado “O receptor Toll-like 2 orquestra uma resposta supressora de tumor no câncer de pulmão de células não pequenas”, foi publicado em 8 de novembro na revista Cell Reports Medicine.

“Descobertas como esta, que ampliam a informação sobre a doença, podem levar ao desenvolvimento de medicamentos que melhorem a qualidade de vida de pacientes”, afirma o oncologista Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas.

A análise de dados de amostras de tumores humanos revelou que pacientes com altos níveis de TLR2 nos estágios iniciais de câncer de pulmão aumentaram a sobrevida em comparação com aqueles que tinham níveis mais baixos. A partir da descoberta, uma droga conhecida por ativar a proteína foi usada em um modelo de camundongo geneticamente modificado de câncer de pulmão e a droga também reduziu o crescimento do tumor pulmonar.

A proteína está ligada à senescência, processo natural de envelhecimento das células humanas no qual as células param de crescer e liberam uma variedade de produtos químicos e outras proteínas que fornecem sinais de alerta e defesas contra o câncer. As células senescentes estão presentes nos cânceres de pulmão iniciais, mas não estão mais presentes em cânceres em estágio avançado, o que sugere, segundo os autores, que a senescência pode prevenir a progressão do câncer.

Detecção precoce é vital no tratamento do câncer de pulmão

No Brasil, dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer) mostram que a mortalidade do câncer de pulmão é a maior em homens e a segunda maior em mulheres. A taxa de sobrevivência de cinco anos para câncer de pulmão em estágio avançado é de apenas 6%, mas se for diagnosticada em estágios inicias o número aumenta para 50%. Os pesquisadores dizem que o avanço pode ajudar a detectar a doença mais cedo e melhorar o tratamento do câncer de pulmão.

“Na maioria das vezes, o câncer de pulmão não apresenta sintomas nas fases iniciais então, aguardar a presença de sintomas para fazer o diagnóstico pode levar à descoberta da doença em estágios mais avançados e, consequentemente, com menores chances de cura. Por isso é muito importante o rastreamento, que é realizado para diagnosticar a doença em pessoas assintomáticas, consideradas de alto risco para desenvolver um tumor pulmonar”, afirma Carlos Gil.

Quais pessoas podem ser consideradas com alto risco?

Fumantes, ou quem parou de fumar há menos de 15 anos, entre 50 – 80 anos que consumiram um maço de cigarro por dia durante um ano ou o equivalente a isso, devem fazer anualmente uma tomografia computadorizada de tórax com baixa dose de radiação. Um tipo de tomografia que utiliza pouca radiação, mas que identifica lesões pulmonares que podem ser câncer.

Sobre Dr. Carlos Gil Ferreira

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1992) e doutorado em Oncologia Experimental – Free University of Amsterdam (2001). Foi pesquisador Sênior da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) entre 2002 e 2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe da Divisão de Pesquisa Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa Clínica, Idealizador e Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA (BNT), Coordenador da Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer (REDEFAC/SCTIE/MS) e Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC/SCTIE/MS). Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor Científico do Grupo Oncoclínicas. No âmbito nacional e internacional foi Membro Titular da Comissão Científica (CCVISA) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No âmbito internacional é membro do Board, Career Development and Fellowship Committee e do Bylaws Committee da International Association for the Research and Treatment of Lung Cancer (IALSC);Diretor no Brasil da International Network for Cancer Treatment and Research (INCTR); Membro do Board da Americas Health Foundation (AHF). Editor do Livro Oncologia Molecular (ganhador do Prêmio Jabuti em 2005) e Editor Geral da Série Câncer da Editora Atheneu. Já publicou mais de 120 artigos em revistas internacionais. Em 2020, recebeu o Partners in Progress Award da American Society of Clinical Oncology. Presidente Eleito da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica para o período 2023-2025.