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Placenta prévia: quando se preocupar e o que fazer

Especialista explica a importância da localização da placenta no curso da gestação e como deve ser o acompanhamento quando há obstrução do colo do útero

Foto de Daniel Reche no Pexels

A placenta é formada durante a gestação com o objetivo de fornecer nutrientes, oxigênio e os hormônios necessários para o desenvolvimento do bebê. Após o nascimento, ela será eliminada naturalmente ou com o auxílio do médico obstetra. No entanto, em uma pequena parte das gestações, a placenta pode sofrer algumas alterações, comprometendo o curso natural da gravidez.

De acordo com o Dr. Alexandre Rossi, médico ginecologista e obstetra, responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP, uma das mais importantes é a placenta prévia. Neste caso, explica o especialista, a placenta obstrui completa ou parcialmente o colo do útero, que é por onde o bebê deverá passar no momento do parto vaginal.

Na entrevista a seguir, o Dr. Alexandre explica quais os principais sintomas da placenta prévia, qual o momento em que a posição da placenta pode representar um obstáculo para o parto natural e como a família e os amigos podem apoiar a gestante que recebe o diagnóstico de placenta prévia. Confira! 

1. O que fazer diante de um ultrassom que revela que a placenta está localizada na parte inferior do útero?

No início da gestação, é normal que a placenta esteja mais baixa no útero. À medida que a gravidez evolui, o útero cresce e a placenta se moverá para a parte superior ou lateral, permitindo que o colo do útero esteja desobstruído para o parto. Portanto, é importante manter a calma e conversar com o médico que vem fazendo o acompanhamento do pré-natal sobre os resultados não apenas deste, mas dos exames em geral.

2. Quais os sintomas associados à placenta prévia?

Em alguns casos, pode haver sangramento vaginal vermelho vivo, normalmente indolor, de início súbito ou após o contato íntimo. Também podem ocorrer contrações ou dor aguda na barriga. Na ocorrência de qualquer destes sintomas, é importante que o médico que acompanha o pré-natal seja informado para uma avaliação. Estes sintomas costumam ocorrer a partir da 20ª semana de gravidez.

3. Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento de placenta prévia?

Não há uma única causa para a placenta prévia. Ela pode estar relacionada a lesões no endométrio, que é o tecido que reveste internamente o útero ou a cicatrizes uterinas de partos cesáreos ou cirurgias anteriores. É também mais frequente em gestações múltiplas, em gestantes com mais de 35 anos ou em mulheres que já passaram por curetagens, por gestações anteriores, tabagistas, que engravidaram por meio de reprodução assistida ou que apresentam alguma anomalia na estrutura do útero, como miomas.

4. Como é diagnosticada a placenta prévia?

A placenta prévia é diagnosticada ao longo do pré-natal, a partir da avaliação dos sintomas, histórico de saúde e exame ginecológico. A confirmação do diagnóstico é feita através das imagens de um ultrassom, que permitem observar a posição exata da placenta no útero. A partir daí, novos exames serão realizados para acompanhamento, avaliando se há alguma alteração, para que a gestação e o parto transcorram da maneira mais segura para a mãe e o bebê.

5. O que ela pode causar à mãe? E ao bebê?

A placenta prévia pode levar a uma hemorragia durante a gravidez, parto ou nas primeiras horas pós-parto, colocando a vida da mulher em risco. Para o bebê, os riscos são de nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, maior tempo de internamento hospitalar e, em alguns casos, surgimento de complicações relacionadas à prematuridade. Há, ainda, o risco de desenvolvimento de placenta acreta, a fixação da placenta no miométrio, que é a camada média do útero. Esta condição pode levar a uma hemorragia intensa, dificultando a retirada da placenta na hora do parto. Nos casos mais graves, pode ser necessária a remoção do útero, com necessidade de transfusão de sangue e maior tempo de internamento hospitalar. Por este motivo, a partir da confirmação do diagnóstico de placenta prévia, o acompanhamento médico é indispensável.

6. Qual o tratamento para esse problema?

O tratamento da placenta prévia é feito pelo obstetra, durante pré-natal, e pode ser desde a indicação de repouso, evitar permanecer muito tempo em pé, procurar repousar sempre que possível, ao longo do dia, deitada e com as pernas elevadas e, em alguns casos, evitar relação sexual. Há casos em que é indicado internamento hospitalar para monitoramento e avaliação do bebê e da gestante. Conforme o tempo gestacional e o estado de saúde da gestante e do bebê, podem ser recomendados medicamentos para acelerar o desenvolvimento do feto e uma cesárea de emergência.

7. Como as pessoas/família podem apoiar a gestante nesse momento?

Assim como em qualquer gestação, a participação da família e dos amigos próximos é sempre muito importante e bem-vinda. No caso da gestante com placenta prévia, a partir da orientação de repouso, esta participação se torna ainda mais fundamental. Ter uma rede de apoio para as atividades do dia a dia, permitindo que a gestante tenha tempo para repousar e cuidar de sua saúde, serão fundamentais para que a gestação possa seguir pelo maior tempo possível. E saber que existem pessoas que a apoiam e estarão por perto caso haja um parto prematuro, hospitalização por um tempo prolongado ou até mesmo a chegada de um bebê antes do previsto certamente será uma preocupação a menos em um momento tão delicado quanto este.