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Exame de sangue pode detectar câncer de mama antes de mamografia

Entenda o exame de sangue considerado um divisor de águas para a saúde das mulheres 

Publicado recentemente pela revista científica MPDI, o exame de sangue que permite a detecção precoce de vários tipos de câncer em indivíduos assintomáticos foi desenvolvido por pesquisadores britânicos e apresentou bons resultados para reconhecer o câncer de mama mesmo no estágio mais precoce da doença. Trucheck destaca as células cancerígenas que circulam no sangue e identifica corretamente 92% dos cânceres de mama, cerca de cinco pontos percentuais a mais do que a mamografia. Entre os acontecimentos mais recentes relacionados ao câncer, o teste Trucheck foi dos mais aclamados.

Segundo Angélica Nogueira-Rodrigues, oncologista com foco em saúde da mulher, o principal avanço do exame é a capacidade aprimorada de detectar cânceres de mama em estágio inicial, tão pequenos que são difíceis de detectar em exames, principalmente entre mulheres mais jovens. “Pode ser um divisor de águas na triagem pois a detecção precoce do câncer de mama tem impacto direto em redução de mortalidade e morbidade pela doença. Mas, para chegar à prática clínica no Brasil, ainda são necessários mais testes e posterior aval da Anvisa”, afirma.

Como funciona o Trucheck

No teste, 5ml de sangue são processados para identificar a presença de células tumorais circulantes’ (CTCs), que são frequentemente liberadas na corrente sanguínea quando da presença de um tumor maligno.

Em um estudo de caso controlado envolvendo amostras de sangue de 9.632 mulheres saudáveis e outras 548 com câncer de mama, Trucheck foi capaz de identificar corretamente o câncer onde ele existia 92% das vezes. Além disso, identificou perfeitamente o câncer em estágio avançado – onde os tumores se espalharam além da mama – identificando 100% das amostras de mulheres com estágio III ou estágio IV da doença. O exame foi um pouco menos sensível na detecção de cânceres em estágios mais precoces, que produzem menos CTCs, mas os resultados ainda foram impressionantes, com identificação de 96 por cento das mulheres com doença em estágio II, onde os tumores são confinados à mama em sua maioria. No estágio I, a sensibilidade do teste foi de 89% e, mesmo no estágio 0, onde existem lesões pré-cancerosas que podem evoluir para a doença, foram identificados 70% dos casos.

No Brasil, excluindo os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste. É também, a primeira causa de morte por câncer em mulheres em todas as regiões do Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa essa posição.

Por conta dos avanços da medicina, o câncer de mama é uma doença com boas possibilidades de cura, mesmo aqueles mais agressivos, principalmente quando diagnosticado em estágio inicial, o que ocorre com a grande maioria das mulheres que fazem a mamografia anual de rastreamento. “Potencialmente, o teste pode beneficiar especialmente mulheres assintomáticas que recusam a mamografia de rastreamento recomendada pelas diretrizes, ou mesmo aquelas que não estão no grupo recomendado para mamografia de rastreamento de rotina, como aquelas com menos de 50 anos”, afirma Angélica.

Sinais e sintomas do câncer de mama

• Caroço (nódulo) endurecido, e geralmente indolor (no entanto, dor pode estar presente e não descarta o diagnóstico). É a principal manifestação da doença, estando presente em mais de 90% dos casos.

• Alterações no bico do peito (mamilo).

• Pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axilas) ou no pescoço.

• Saída espontânea de líquido de um dos mamilos.

• Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja.

Sobre Dra. Angélica Nogueira-Rodrigues

Angélica Nogueira-Rodrigues é MD-PhD em oncologia clínica. Possui pós doutorado em oncologia pelo MGH/Harvard University, Doutorado em Oncologia pelo Instituto Nacional de Câncer, Mestrado em Saúde da Mulher pela Universidade Federal de Minas Gerais. Possui Fellow em Pesquisa Clínica pelo Instituto Nacional de Câncer. Pesquisadora e professora adjunta da Faculdade de Medicina da UFMG. Desenvolve atividades didáticas na graduação, residência médica em Oncologia e pós graduação senso stricto. Idealizadora, membro fundadora do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA). Diretora SBOC nacional gestão 19-20 e 21-23. Chair Gynecologic Oncology LACOG. Membro permanente da Câmara Técnica de Medicamento – CATEME-ANVISA. Idealizadora do Movimento Brasil sem Câncer do Colo do Útero. Diretora técnica da clínica DOM Oncologia. Membro câmara técnica Ministério da Saúde para estratégias de eliminação do câncer do colo do útero.