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Câncer é a principal causa de morte em mais de 600 cidades

Os desafios e as possíveis soluções para enfrentar o cenário do câncer e suas vítimas são de intensa preocupação não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Por aqui, 1 a cada 10 cidades brasileiras tem o câncer como principal causa de morte, o que representa 606 municípios, segundo o Observatório de Oncologia.

Uma das grandes barreiras para o diagnóstico e redução de riscos do câncer está relacionado as incorporações das novas tecnologias, destaca a Sra. Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia. Segundo a especialista, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC), criada em 2011, não consegue cumprir com seu compromisso de disponibilizar no SUS em até 180 dias um novo medicamento incorporado. Até o momento, 13 tecnologias oncológicas tiveram aprovação da CONITEC para incorporação no SUS, mas apenas duas estão disponíveis para todas as pessoas. A lista de incorporações “paradas” inclui medicamentos de imunoterapia para melanoma metastático, incorporado há 752 dias, Sunitinib e Pazopanibe para câncer renal, incorporados há 1.338 dias e inibidores de ciclina para câncer de mama avançado, incorporados há 263 dias.

Todos apoiam o cumprimento de leis na área de oncologia, como as leis dos 30 e 60 dias, que asseguram às pessoas atendidas pelo SUS o início de tratamento em até 60 dias a partir do diagnóstico (Lei 12.732/12) e também garantem às pessoas atendidas pelo SUS e com suspeita de câncer o direito à realização de exames no prazo de 30 dias (Lei 13.896/19), respectivamente. Ao mesmo tempo, a Dra. Anelisa Coutinho, presidente-eleita da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), revela que apenas 283.889 dos 988.525 casos (28,7%) recebem atendimentos dentro de 30 dias. Entre os cânceres mais incidentes, o câncer de próstata é o que mais preocupa, uma vez que 61,21% dos casos (93.652 pessoas) são atendidos após 60 dias do diagnóstico, seguido por câncer de mama (48,86%), colo de útero (48,82%) e colorretal (48,02%).  De acordo com o Dr. Sergio Serrano, membro do Conselho Administrativo Consultivo do Hospital de Amor de Barretos, 71% dos óbitos por câncer são causados por neoplasias sem recomendação para rastreamento, além de 79% dos casos terem detecção tardia.

Entre as estratégias para enfrentamento do câncer, o Dr. Aristides de Oliveira Neto, Diretor da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, anunciou em evento no dia 24 de fevereiro que oncologia é uma prioridade do atual governo. Segundo ele, o Ministério criará a Coordenação Geral de Cuidado e Atenção ao Câncer, para que seja possível organizar políticas e programas de forma colaborativa e intersetorial para avanços em um tema tão complexo.

A prevenção de diversos tipos de câncer é outro aspecto que não pode ser ignorado. Segundo o Dr. Eduardo Macário, da Secretaria Estadual de Santa Catarina, “políticas que foram efetivas para reduzir câncer de pulmão regulando a venda de cigarros precisam servir de modelo para regular outros fatores de risco para câncer, como alimentos não saudáveis e bebidas alcoólicas”. O Dr. Mark Barone, Coordenador Geral do FórumDCNTs, destaca a importância do planejamento de um sistema de saúde sustentável, com estratégias custo-efetivas de promoção, prevenção, diagnóstico oportuno e tratamento de qualidade. Segundo ele, “a colaboração intersetorial é essencial para que se possa efetivar a interoperabilidade de sistemas e a integração entre níveis de atenção, garantindo qualidade de acompanhamento para a pessoa com câncer ou outra CCNT em todas as etapas do tratamento e do pós-tratamento”.

Fonte: www.ForumDCNTs.org