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Câncer: cannabis ameniza efeitos da quimio e tem ação antitumoral

CBD e THC são substâncias importantes para ajudar pacientes na luta contra doença

A quimioterapia é um tipo de tratamento contra o câncer em que se utilizam drogas que atuam no organismo com o objetivo de destruir, controlar ou impedir o crescimento de células doentes.

A aplicação pode ser via oral, intravenosa, subcutânea ou intramuscular e a terapêutica é muito eficaz, porém todos conhecem os fortes efeitos colaterais: náuseas, vômitos, perda de apetite, indisposição, queda de cabelo, entre outros sintomas que dificultam a qualidade de vida de quem está lutando contra a doença.

A cannabis medicinal começou a ser administrada em casos de pacientes em tratamento com quimioterapia na década de 70 nos Estados Unidos por essas razões acima citadas, e, mesmo ilegalmente, continuou sendo utilizada pelos pacientes. A razão era simples: não existiam alopáticos ou mesmo outras substâncias com o mesmo efeito – e ainda hoje não se tem relatos de melhores opções que a planta cannabis sativa para os efeitos adversos causados pelo tratamento.

“Na verdade, foi por conta disso que a cannabis medicinal não morreu: porque os pacientes oncológicos americanos continuaram buscando essa terapia”, quem explica é a Dra. Paula Vinha, médica nutróloga, estudiosa e prescritora de cannabis medicinal no Brasil.

“Hoje possuímos trabalhos científicos que mostram que a cannabis medicinal tem uma ação na neoplasia, com uma função antitumoral bem importante, mas ainda receitamos pensando no conforto e bem-estar, principalmente com relação ao controle das náuseas, vômitos e melhora do apetite, porém já sabendo que também estamos melhorando o sistema imunológico do paciente, auxiliando na desaceleração do tumor”, continua a médica.

Como a cannabis age em pacientes oncológicos?

As duas substâncias mais conhecidas (CBD e THC) retiradas da planta, após administradas, atuarão nos receptores endocanabinoides – os mais famosos são o CB1 e o CB2, mas temos inúmeros receptores atípicos nesses sistemas – agindo no centro da náusea, melhorando o apetite, fazendo com que o paciente tenha fome, um efeito chamado de orexígeno.

“O paciente consegue aceitar melhor o tratamento quimioterápico, porque ele não vomita tanto, não tem tanta náusea, consegue melhorar o apetite, comer melhor, consegue ter uma resposta imunológica melhor. E é tudo que queremos”, completa Dra. Paula.

A médica também cita que a maioria dos produtos derivados de cannabis medicinal são à base de óleo. Por isso, dependem da absorção pelo organismo e de uma boa função do fígado, o que normalmente não ocorre em pacientes oncológicos. A inovação são os fármacos desenvolvidos por meio da nanotecnologia (chamados de nanofármacos), que já estão disponíveis no mercado brasileiro e que possuem biodisponibilidade e absorção superiores, além de um efeito mais rápido se comparado aos óleos convencionais.

A tecnologia é desenvolvida pela Thronus Medical, uma biofarmacêutica canadense, que é liderada pela médica brasileira Mariana Maciel, e torna possível a redução de partículas de cannabis a cerca de 17 nanômetros, além do encapsulamento dessas moléculas em uma solução hidrossolúvel — algo até então inédito no mercado. O resultado é a potencialização na absorção e, com isso, maior eficiência e rapidez de ação dos princípios ativos.

“Estudos mostram que apenas 6% do CBD convencional e 8% do THC convencional atingem a circulação sistêmica após a ingestão. Por outro lado, com os produtos Bisaliv da Thronus Medical com tecnologia Power Nano™, a absorção efetiva desses fitocanabinóides pode ser até 10 vezes maior e mais rápida, isso porque, além de melhorar os parâmetros farmacocinéticos, ocorre uma redução do metabolismo de primeira passagem”, pontua Dra. Mariana Maciel.

“Enxergo a cannabis não como uma mera coadjuvante, mas como uma protagonista no tratamento contra o câncer. Ela só perde holofote para o paciente, que é quem merece o reconhecimento da luta contra essa doença que, infelizmente, traz muitos desafios aos que convivem com ela”, conclui a Dra. Paula Vinha.