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Trinta por cento dos brasileiros sofrem de ejaculação precoce

Médico urologista de Santos fala sobre remédio para inibir o problema, que passa a ser vendido no Brasil

Quando o assunto é sexo, atingir o orgasmo rápido demais é uma das maiores preocupações dos homens. A ejaculação precoce é um problema que acomete muitos homens e a maioria deles sofre em silêncio. A vergonha e o constrangimento os inibem de procurar ajuda.

No Brasil, cerca de 30% dos homens têm ejaculação precoce, segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), e 48% relatam ter tido problemas desse tipo em alguma etapa de sua vida sexual. O médico urologista Heleno Diegues Paes explica que, para abordar este assunto, primeiro é preciso entender a diferença entre orgasmo e ejaculação.

“O orgasmo nada mais é do que a percepção do nosso cérebro, que reflete no nosso corpo uma sensação de prazer, no ápice da relação sexual. Ao atingir esse ponto de prazer, acontece a emissão do esperma, que é chamada de ejaculação. Claro que o orgasmo e a ejaculação andam de mãos dadas, mas o que as pessoas desejam é o orgasmo”.

Mas como fazer para prolongar a duração do sexo? O passo inicial é a mudança comportamental. As pessoas que têm dificuldade em retardar o orgasmo precisam melhorar o autocontrole. Perceber os gatilhos no ato sexual que o aproximam do orgasmo e tomar providências para que não seja dado o passo final.

O Dr. Heleno explica que, recentemente, foi compreendido que o neurotransmissor serotonina está envolvido no mecanismo do orgasmo e que a sua alta concentração nas sinapses cerebrais dificulta a obtenção do orgasmo.

A estratégia de aumentar a concentração de serotonina nas fendas sinápticas já é usada com sucesso no tratamento da depressão e ansiedade, com os medicamentos chamados Inibidores da Recaptação da Serotonina (iRS). Dessa forma, alguns medicamentos usados para o tratamento desses transtornos, como a paroxetina e a fluoxetina, passaram a ser usados para o tratamento da ejaculação precoce.

O efeito desses remédios atinge seu ápice ao redor da terceira semana de uso. Dessa forma, é necessário o seu uso de forma contínua, similar a um remédio para hipertensão arterial ou diabetes.

Há poucos anos, houve a descoberta de um novo iRS que tem início de ação mais rápido e é eliminado do organismo após algumas horas. A dapoxetina, que é um remédio já utilizado em vários países, passou a ser produzido e comercializado no Brasil pela empresa Farmoquímica (FKM).

“Ou seja, o homem toma um comprimido uma hora antes da relação e vai ter o efeito durante aquele ato sexual. Depois de algum tempo o efeito do remédio sai do organismo e vida que segue”, explica o especialista.

Porém, o Dr. Heleno afirma que é necessário individualizar cada caso. Não é porque agora temos a Dapoxetina que os demais medicamentos deixaram de ter utilidade. “Pelo contrário, quem tem um componente de ansiedade muito exagerado, se beneficiará de um tratamento de longo prazo e poderá não ter um resultado satisfatório com a nova medicação”.

Por fim, fica o alerta: “O tratamento da ejaculação precoce exige o entendimento sobre sexo e orgasmo, melhoria da técnica sexual, melhoria da autopercepção e do autocontrole. Os medicamentos são auxiliares na busca pelos objetivos citados. Se o sexo não está fluindo devido ao tempo rápido de atingir o orgasmo, o ideal é não se automedicar e procurar ajuda de um urologista. Esse sim é o profissional habilitado para ajudar”.

Sobre Heleno Paes

Santista de nascimento e criação, começou a se interessar pela medicina no final do ensino médio, quando precisou socorrer um amigo com cólica renal. Posteriormente esteve em uma excursão promovida pela escola para ajudar os estudantes a escolher a profissão, e conheceu a faculdade de medicina da USP. Ficou maravilhado com o estudo do corpo humano, com as peças do laboratório de patologia, e decidiu que era isso que queria fazer. Assim, ingressou na Faculdade de Medicina do Centro Universitário Lusíada, em Santos, em 1997.

 

Após seis anos, concluiu a graduação e se alistou no Exército. Foi para a Amazônia à serviço do Exército e realizou diversos trabalhos junto à população carente local. Após um ano, regressou e foi morar em São Paulo, onde se especializou em cirurgia geral no Hospital Municipal do Tatuapé, depois em Urologia no Hospital Santa Marcelina e, por fim, em Transplante Renal na mesma instituição.

 

Nesse período, fez cursos em microcirurgia, videolaparoscopia e outros relevantes para sua formação. Atualmente, atua como médico assistente das subespecialidades Uro-oncologia e Transplante Renal do Hospital Santa Marcelina, o maior hospital da Zona Leste de São Paulo. É também preceptor do internato médico e da residência médica e dá aulas na Faculdade de Medicina Santa Marcelina. Em Santos, pratica a medicina em seu consultório, onde dedica todos os esforços e conhecimento para cuidar de seus pacientes.