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Esporte e Esclerose Múltipla: O poder da atividade física na luta contra a condição neurológica

Dr. Matheus Wasem, neurologista especializado em EM, revela os benefícios do exercício físico, desafios e histórias inspiradoras de pacientes que superaram limites através do esporte

O esporte desempenha um papel crucial na promoção da qualidade de vida e no auxílio àqueles que enfrentam desafios de saúde, como a esclerose múltipla (EM). A EM é uma condição neurológica crônica que afeta o sistema nervoso central, levando a uma série de sintomas que podem variar de pessoa para pessoa. Embora não haja cura definitiva para a EM, a prática regular de atividades esportivas pode ser um aliado valioso na luta contra essa doença.

O Dr. Matheus Wasem, neurologista com especialidade em esclerose múltipla e que trabalha com o atendimento humanizado, respondeu algumas perguntas sobre como os exercícios físicos podem ajudar física e emocionalmente os pacientes da doença.

Como a esclerose múltipla afeta o corpo de uma pessoa e quais são os desafios específicos que os pacientes enfrentam em relação à prática de esportes?

Matheus Wasem: A EM pode criar cicatrizes no cérebro e na medula do paciente. Assim surgem as sequelas neurológicas. Pode ter fraqueza, falta de coordenação ou alterações de sensibilidade de braços e/ou pernas.

Quais são os benefícios do exercício físico para pessoas com esclerose múltipla? Como ele pode contribuir para a qualidade de vida dos pacientes?

Matheus Wasem: A começar com a diminuição da fadiga crônica (terrível sintoma invisível dos pacientes). Quando eles conseguem aumentar seu condicionamento cardiovascular a fadiga tende a diminuir. O ganho de massa muscular e flexibilidade articular que o esporte proporciona pode ser importante para ajudar na recuperação de futuros surtos da doença.

O doutor explica que exercícios físicos regulares também diminuem a taxa de surtos e avanço da Esclerose. E também uma série de outras doenças cardiovasculares e crônicas degenerativas que podem acontecer em qualquer pessoa. Após uma sequela neurológica estabelecida, a prática de esportes pode ajudar na neuroplasticidade e recuperação da função perdida. Além disso, existe a questão social do esporte. Competitividade e superação de desafios também faz bem para a mente e o emocional dos pacientes.

Quais são os principais desafios ou preocupações que os médicos especialistas em esclerose múltipla devem considerar ao recomendar a prática de esportes aos seus pacientes?

Matheus Wasem: Sempre deve-se avaliar a presença de sequelas e essas não podem ser incompatíveis com o esporte pretendido. Não existe esporte proibido para quem tem Esclerose Múltipla, mas é preciso avaliar caso a caso se a pessoa tem condições físicas de praticar o esporte que deseja. Além disso, sempre é importante também ir avançando aos poucos na intensidade do esporte. Alguém sedentário não pode começar uma prática esportiva muito intensa.

Quais tipos de atividades físicas ou esportes são mais recomendados para pessoas com esclerose múltipla e por quê?

Matheus Wasem: Não existe um tipo mais recomendado. O mais recomendado é que o paciente faça algo que ele goste. Que ele se adapte. Que ele tenha prazer e não desista de praticar.

Existem limitações ou restrições específicas que os pacientes com esclerose múltipla devem considerar ao escolher um esporte ou programa de exercícios?

Matheus Wasem:Um conselho que sempre damos é para o paciente tomar cuidado com o calor. Pois sabe-se que o calor pode fazer mal para quem tem Esclerose Múltipla. Então a gente recomenda evitar fazer esportes em plena exposição solar dos horários de pico. Preferir horários em que o sol está mais fraco, que o clima é mais fresco. Sempre se hidratar bem.

Você pode compartilhar exemplos de histórias de sucesso de pacientes com esclerose múltipla que incorporaram o esporte em suas vidas e experimentaram melhorias significativas em sua condição?

Matheus Wasem: Existem diversas pessoas com esclerose múltipla que se deram muito bem com os exercícios físicos e são uma inspiração para todos nós. Um exemplo é Gildo Afonso, paciente brasileiro que tem EM e completou o Iron Man. Beth Gomes, atleta paraolímpica com EM que ganhou o ouro duas vezes. Além disso, o Dr. Matheus dá a dica do filme 100 metros, uma história real que fala sobre um paciente de EM que completou o Iron Man.

Em resumo, o esporte pode ser um aliado valioso na luta contra a esclerose múltipla, contribuindo para o bem-estar físico e emocional das pessoas afetadas por essa condição. Ao combinar a atividade física com um plano de tratamento médico adequado, é possível melhorar a qualidade de vida e enfrentar os desafios da EM com maior resiliência e determinação.