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Seguro de vida ganha espaço entre brasileiros, com foco em proteção e planejamento familiar

Coberturas mais flexíveis impulsionam o interesse por planos adaptados a diferentes perfis e objetivos financeiros

Créditos: Chee Siong Teh/iStock

Durante a pandemia, o mercado de seguros no Brasil disparou, com R$ 58,8 bilhões pagos entre 2020 e 2023 em indenizações a segurados, sendo R$ 15,1 bilhões pagos só em 2023 – um aumento de 5,7% em relação ao ano anterior, segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).

Estes números mostram por que contar com um seguro de vida adequado é tão relevante, já que ele representa um suporte real para os dependentes em momentos críticos, evita desestruturação financeira e facilita o acesso a benefícios, tudo com proteção a custos acessíveis e adaptáveis ao perfil contratado.

A escolha está diretamente ligada ao momento de vida e à necessidade de proteção financeira futura. Em muitos casos, o seguro também funciona como um mecanismo de organização sucessória e estabilidade patrimonial.

Qual tipo de seguro de vida faz mais sentido para cada perfil

O primeiro passo para tomar a decisão correta é compreender quais são os tipos de plano de proteção à família disponíveis no mercado. O seguro temporário (ou por prazo determinado) oferece proteção por um período definido (por exemplo, 10 a 30 anos) e costuma ter prêmios mais baixos.

Caso o segurado venha a falecer durante o período, os beneficiários recebem o valor acordado; caso contrário (se o prazo acabar), não há cobertura. Este modelo é indicado para compromissos com um prazo bem definido, como pagamento de financiamento imobiliário ou educação dos filhos, quando é preciso “alugar” uma proteção por alguns anos.

Em contraste, o seguro vitalício (permanente) garante cobertura para toda a vida, desde que as parcelas sejam pagas corretamente. Ele geralmente acumula um valor em dinheiro (reserva financeira) ao longo do tempo.

Embora tenha prêmios mais altos, oferece estabilidade e é útil para objetivos de longo prazo e sucessão patrimonial, ou seja, transferência de bens, direitos e obrigações de uma pessoa falecida para seus herdeiros.

Além destes, há o seguro resgatável (com componente de poupança). Este plano funciona como uma solução de proteção patrimonial convencional, mas permite ao segurado recuperar parte dos prêmios pagos se encerrar a apólice ou após alguns anos.

Em outras palavras, combina cobertura de vida com formação de reserva financeira. Isso permite a contratação com duração vitalícia ou por prazo, além da possibilidade de resgatar parte do valor acumulado durante a vida.

Coberturas extras ampliam o alcance do seguro de vida

Além da indenização por morte, geralmente a mais procurada, é possível incluir coberturas extras para ampliar a proteção familiar, como, por exemplo:

  • Invalidez permanente total ou parcial: prevê indenização se o segurado perder, de forma irreversível, a capacidade de trabalhar, devido a um acidente ou a uma doença grave.

  • Doenças: cobre casos como câncer, infarto, AVC, Alzheimer, etc. A lista exata varia de acordo com cada seguradora e apólice contratada, mas a cobertura paga uma indenização em vida, caso o segurado seja diagnosticado com uma doença grave.

  • Diária por incapacidade temporária: conhecida como DIT, paga um valor diário enquanto o segurado precisar ser afastado do trabalho por algum tempo. É recomendada para autônomos e profissionais liberais, que não têm estabilidade salarial garantida.

  • Assistência funeral: além da indenização de morte, também é possível incluir a assistência que cuida de todo o serviço funerário ou vai reembolsar as despesas.

Perfil do segurado influencia custos e tipo de cobertura no seguro de vida

Para escolher o melhor seguro de vida, é necessário colocar na ponta do lápis alguns fatores antes de tomar a decisão final, que irá impactar diretamente o futuro do segurado e de sua família.

Em geral, quanto mais jovem e saudável for a pessoa, menor será o custo do prêmio, pois o risco de sinistro é menor. Fatores considerados práticas de risco, como fumar, praticar esportes radicais ou trabalhar em alguma função considerada perigosa, elevam o preço, enquanto hábitos saudáveis influenciam positivamente.

O tamanho da família e o tipo de dependentes também são fatores que contam bastante. Para alguém que não seja casado ou não tenha filhos pequenos, as necessidades de seguro podem ser menores; por outro lado, pais de família (especialmente famílias grandes) precisam planejar a continuidade do sustento dos filhos e o pagamento de dívidas, em caso de ausência do provedor.

Na prática, um jovem com família e com um financiamento de imóvel ainda em andamento pode contratar um seguro de vida que ajude a manter os filhos amparados, caso ele venha a óbito. Além disso, é importante incluir coberturas extras que garantam apoio financeiro, caso ele sofra um acidente ou fique inválido, mesmo continuando vivo.

O seguro de vida também pode ser uma ferramenta útil no planejamento do que será deixado para os herdeiros. Os seguros vitalícios são muito usados neste tipo de caso, porque o valor pago aos beneficiários não passa pelo inventário nem sofre cobrança de impostos, como o Imposto de Renda.

Por isso, famílias com muitos bens utilizam este tipo de apólice para garantir que os herdeiros recebam dinheiro rapidamente e consigam pagar despesas com o inventário, sem precisar vender parte do patrimônio.

Como calcular o valor ideal de cobertura

Para saber quanto deve ser o valor da cobertura, é importante calcular quanto os dependentes precisariam para manter o padrão de vida adequado, caso o responsável pela renda principal acabe falecendo.

Uma forma comum de fazer isso é multiplicar o valor dos gastos mensais da família por 12 (para saber os gastos anuais) e, depois, multiplicar o resultado pelo número de anos que a família levaria para se reorganizar financeiramente.

Por exemplo, se uma família gasta R$ 10 mil por mês e acredita que precisaria de 4 anos para se ajustar, o valor recomendado para o seguro seria de R$ 480 mil. Este cálculo pode ser adaptado, incluindo dívidas, mensalidades escolares, financiamentos e outras despesas futuras.

Análise de cobertura, carência e reajustes evita surpresas no seguro de vida

Comparar seguros vai além do preço, já que é necessário entender as cláusulas do contrato e a estrutura da apólice. O melhor seguro de vida é aquele que combina proteção adequada com clareza nas condições.

Antes de assinar, é preciso analisar minuciosamente o que está incluído, quais situações não terão cobertura e se há períodos de carência. Exceções comuns envolvem causas como uso de drogas, participação em conflitos armados e doenças não informadas previamente.

Outro ponto que influencia a confiança no contrato é a reputação da seguradora. Empresas com bom histórico de pagamento e avaliação positiva nos órgãos de regulação costumam oferecer mais segurança para os beneficiários no momento do recebimento da indenização.

Também vale ter atenção aos reajustes, pois algumas apólices preveem aumento de prêmio com o tempo, enquanto outras mantêm um valor fixo. Tudo isso deve ser considerado dentro do planejamento financeiro, oferecendo estabilidade e cumprindo o papel esperado em momentos delicados.