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O outro lado das bets: os riscos cibernéticos para quem aposta online

Perda de dinheiro é apenas um dos prejuízos envolvendo jogos de azar online; especialista alerta para roubo de dados e fraudes em transações financeiras

Condições climáticas afetam resultados esportivos e desafiam apostadores
Condições climáticas afetam resultados esportivos e desafiam apostadores – Image by stockking on Freepik

 

O crescimento das plataformas de apostas esportivas e cassinos online no Brasil tem trazido à tona discussões sobre regulamentação e impacto social. Um aspecto, contudo, que merece atenção detalhada, refere-se aos riscos cibernéticos aos quais milhões de apostadores estão expostos. A vulnerabilidade de dados pessoais e financeiros dos usuários configura um ponto central, dada a segurança digital que, em muitos casos, pode apresentar deficiências.

Bruno Telles, COO da BugHunt, empresa brasileira pioneira em Bug Bounty na América Latina, observa a falta de padrões de proteção consistentes no setor. “Muitas plataformas focam mais no marketing do que na segurança. Não há um padrão na segurança, pode variar bastante. Algumas têm boas práticas, mas outras expõem dados sensíveis por falta de testes de segurança adequados”, analisa o especialista.

Jogos virtuais, riscos reais

Segundo Telles, as principais ameaças digitais que rondam os sites de apostas incluem o phishing, caracterizado pelo envio de links ou páginas que imitam sites legítimos para roubo de credenciais. O vazamento de dados bancários, como CPF, número de cartão e senhas, pode ocorrer em plataformas com proteção insuficiente. Adicionalmente, o sequestro de contas com saldos e as fraudes em processos de retirada, com o redirecionamento de valores para terceiros, são incidentes reportados.

A responsabilidade pela segurança recai, em parte, sobre o próprio usuário, que deve adotar cuidados como a verificação da oficialidade do site, o uso de senhas que dificultem o acesso não autorizado e a ativação da autenticação em dois fatores. Ainda assim, a proteção não é certa. “É importante ressaltar que, em geral, não existe garantia ou seguro para o apostador em caso de comprometimento da plataforma. Sinais como promessas de ganho fora da realidade, domínios com nomes suspeitos e ausência de políticas de privacidade claras podem indicar uma plataforma não legítima”, comenta o especialista da BugHunt.

O componente emocional associado às apostas, como a busca por lucro, pode reduzir o senso crítico dos usuários, facilitando ações impulsivas e aumentando a exposição a fraudes. “Para elevar a percepção de risco, é necessária maior educação digital e campanhas de conscientização. O Brasil pode observar modelos internacionais, como os do Reino Unido e Malta, que priorizam segurança, auditoria e transparência no setor. Muitas plataformas, no entanto, ainda investem em segurança de forma reativa, após a ocorrência de incidentes, em vez de adotar uma postura preventiva”, conclui Telles.

Sobre a BugHunt

A BugHunt é uma empresa de cibersegurança referência em Bug Bounty, programa de recompensa por identificação de falhas. Pioneira na modalidade no Brasil, une uma comunidade de mais de 20 mil especialistas a marcas comprometidas com a segurança da informação e privacidade de dados.

Criada em 2020 pelos irmãos Caio e Bruno Telles, a BugHunt é responsável por democratizar o acesso à segurança digital e garantir proteção antecipada por meio da identificação de vulnerabilidades que colocam em risco a operação de organizações de diferentes setores de atuação, como OLX, WebMotors e Tim do Brasil.