
A partir de 4 de agosto de 2025, chegam às farmácias brasileiras as primeiras canetas 100% nacionais de liraglutida, apelidadas de “Ozempic brasileiro”: os medicamentos Olire (para obesidade) e Lirux (para diabetes tipo 2), da EMS.
O que são e como funcionam
- Liraglutida é um análogo do hormônio GLP‑1, mesma classe que a semaglutida (Ozempic), atuando no controle de glicemia e na saciedade.
- Olire: indicado para obesidade (mesmo em quem não tem diabetes).
- Lirux: indicado para tratamento de diabetes tipo 2 junto com dieta e exercícios.
- Ambos são aplicados diariamente, ao contrário da semaglutida que é semanal.
Preço: até 70% mais barato
Os valores sugeridos são significativamente menores:
- 1 caneta (Olire ou Lirux): R$ 307,26
- Lirux (2 canetas): R$ 507,07
- Olire (3 canetas): R$ 760,61
Para comparação: o Ozempic pode custar até R$ 1.300 por unidade no Brasil.
Estoque e distribuição
A EMS distribuiu 100 mil unidades de Olire e 50 mil de Lirux para redes como Raia, Drogasil, Drogaria São Paulo e Pacheco. A comercialização começa em 4 de agosto no Sul e Sudeste, com expansão prevista para o restante do país. A expectativa é chegar a 250 mil unidades até o fim de 2025 e dobrar esse número até agosto de 2026.
Liraglutida vs. semaglutida: eficácia e diferenças
Aspecto | Liraglutida (Olire/Lirux) | Semaglutida (Ozempic/Wegovy) |
---|---|---|
Frequência de uso | Diária | Semanal |
Redução média de peso | 5% a 8% em 56 semanas | Até 17% em 68 semanas |
Disponibilidade no Brasil | Sim (inclusive na forma de Saxenda) | Wegovy ainda não aprovado |
Gravidade: o que dizem os médicos?
A endocrinologista Deborah Beranger alerta sobre os riscos do uso sem acompanhamento médico:
“O uso intermitente e sem acompanhamento pode causar ‘efeito sanfona’. É pior reganhar do que não perder peso. Perigos incluem obstrução intestinal e laceração do esôfago.”
Por que isso importa
- Autonomia nacional: investimento de R$ 1 bilhão em fábrica de peptídeos em Hortolândia (SP).
- Disrupção de mercado: medicamentos genéricos de semaglutida devem surgir a partir de março de 2026, com o fim da patente.
- Mais acesso: um tratamento antes elitizado agora tem opção nacional acessível.
Conclusão
O Olire e o Lirux não são exatamente o Ozempic, mas representam um passo importante rumo à democratização do acesso a tratamentos modernos de obesidade e diabetes no Brasil. Com preços mais acessíveis e produção nacional, o “Ozempic brasileiro” pode se tornar uma alternativa viável — desde que com orientação médica.