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A inteligência artificial é uma importante aliada no combate a fraudes financeiras

Por Marcelo Marchi, CEO e sócio fundador da Vericode

Uso de inteligência artificial no RH representa uma nova fronteira da eficiência corporativa

Com o crescimento exponencial das transações digitais, que movimentaram R$ 26,455 trilhões em transferências via Pix ao longo de 2024, segundo dados do Banco Central (BC), e a crescente sofisticação dos ataques cibernéticos, como roubo de identidade, clonagem de cartões e fraudes no Pix, a segurança financeira tornou-se um desafio crítico. Nesse contexto, os sistemas tradicionais de detecção de fraudes revelam suas limitações, apresentando regras estáticas, respostas lentas e alta taxa de falsos positivos. Surge então a Inteligência Artificial, não apenas como inovação, mas como uma necessidade estratégica.

No Brasil, conforme a Febraban, o volume de dinheiro perdido com golpes aumentou 17% entre 2023 e 2024, saltando de R$ 8,6 bilhões para R$ 10,1 bilhões. Além disso, segundo Isaac Sidney, presidente da Febraban, os prejuízos com golpes envolvendo o Pix cresceram 43%, atingindo R$ 2,7 bilhões. Para enfrentar esse desafio, a IA tem se mostrado indispensável. Por meio de modelos de machine learning treinados em grandes volumes de dados e integrados a pipelines de monitoramento contínuo, a IA identifica desvios de comportamento em milissegundos, permitindo antecipar ameaças e bloquear transações fraudulentas com rapidez inalcançável por sistemas manuais ou convencionais.

Ao contrário do imaginário popular, a adoção da IA não substitui o papel humano, mas o amplia. Ao incorporar modelos de machine learning aos pipelines de segurança, é possível automatizar a análise de milhões de cenários em tempo real, liberando as equipes para se concentrarem nos episódios de maior complexidade. Esse equilíbrio entre automação e supervisão humana reduz significativamente o tempo de resposta e os prejuízos causados por fraudes. O princípio nesse caso é de sinergia, com as máquinas cuidando da escala e as pessoas cuidando do julgamento.

Uma pesquisa global conduzida pela Provenir revelou que 50% dos executivos financeiros enfrentam dificuldades para gerenciar risco de crédito e prevenir fraudes, apontando a IA como peça-chave para superar esses desafios em 2025. No Brasil, bancos e fintechs têm adotado ferramentas inteligentes não só para conter perdas, mas também para melhorar a experiência do cliente. O Nubank, por exemplo, utiliza ferramentas de IA para prevenir fraudes de forma proativa, com bloqueios precisos e transparentes. Segundo o banco, essa ferramenta registra resultados positivos em tempo de resposta e taxa de resolução de problemas para cerca de 94 milhões de clientes na América Latina.

Esse movimento representa uma mudança cultural, que sai da dependência da denúncia ou da auditoria manual e evolui para sistemas que aprendem, se adaptam e atuam com autonomia em ambientes de altíssima volatilidade. A inteligência artificial, nesse contexto, não é um luxo tecnológico, mas o único meio viável para acompanhar o ritmo e a complexidade do crime digital contemporâneo. Adiar a incorporação dessas tecnologias, em nome de uma falsa sensação de controle, significa expor usuários e instituições a riscos que crescem exponencialmente todos os dias. A IA aplicada à segurança não apenas responde melhor, ela antecipa. No mundo da prevenção de fraudes, antecipar faz toda a diferença.

Sobre Marcelo Marchi

Com mais de 20 anos de experiência na indústria de tecnologia, Marcelo Marchi é investidor, consultor de tecnologia, e CEO e sócio-fundador da Vericode, empresa especializada em DevSecOps, Continuous Testing e Observabilidade

Marcelo Marchi