Entender o contexto atual do Brasil e do mundo pode fazer a diferença na prova. Professores recomendam desenvolver repertório crítico com base em fatos, e não em narrativas.
Nos últimos anos, o Brasil e o mundo viveram transformações intensas, da pandemia de covid-19 a conflitos internacionais, desastres ambientais, avanços tecnológicos, movimentos sociais e mudanças no mercado de trabalho. Para quem está se preparando para o Enem e outros vestibulares, estar atento a esses acontecimentos deixou de ser apenas uma vantagem: virou parte fundamental da prova, pois tudo isso, além de ser manchete nos jornais, pode se tornar questão na prova mais esperada do país.
“A prova do Enem cobra um estudante que saiba interpretar, refletir e conectar o conteúdo aprendido em sala com a realidade à sua volta. Não se trata de decorar fórmulas ou datas, mas de entender o mundo em que se vive.”, explica Hugo de Almeida, um dos diretores do PB Colégio e Curso, escola do Rio de Janeiro que se destacou nos resultados do Enem 2024 e tem mais de uma década de tradição em aprovações e excelência pedagógica.
“A história está sendo escrita diante dos olhos da geração que fará o Enem 2025. Enchentes no Sul, conflitos internacionais, mudanças climáticas, protestos estudantis e marcos importantes na política e na sociedade. O estudante que tem um olhar atento ao mundo amplia seu repertório e ganha vantagem em provas como o Enem, que valorizam a contextualização e a análise crítica dos acontecimentos”, reforça.
A dica, dizem os professores, é tratar os acontecimentos do presente como parte de um contexto histórico mais amplo. A tragédia ambiental no Rio Grande do Sul, por exemplo, pode surgir conectada a temas como urbanização desordenada, mudança climática e políticas públicas. Já os conflitos internacionais podem aparecer em questões de geopolítica, migrações e direitos humanos.
O que pode cair na prova?
Entre os temas que têm marcado os noticiários e podem aparecer no Enem, seja em questões de humanas, ciências da natureza ou mesmo na redação, estão:
- Mudanças climáticas e eventos extremos, como enchentes e secas, e seus impactos sociais e econômicos.
- Conflitos internacionais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia ou as tensões no Oriente Médio.
- Avanços da inteligência artificial e seus efeitos no mercado de trabalho, na educação e na ética.
- Crescimento dos movimentos sociais e temas como diversidade, equidade de gênero, racismo estrutural e acessibilidade.
- Educação midiática e desinformação, com foco no uso responsável das redes sociais e no combate às fake news.
- Desigualdade social e econômica no Brasil e na América Latina, além dos desafios pós-pandemia.
Como se preparar?
- Consuma informação de diferentes fontes – Ler jornais, assistir a telejornais e ouvir podcasts confiáveis ajudam a ampliar o repertório.
- Foque em entender contextos, não só fatos isolados – Mais do que saber o que aconteceu, é preciso entender por que aconteceu, quais foram as causas e os desdobramentos.
- Discuta com colegas e professores – O diálogo é uma das formas mais ricas de construir conhecimento e desenvolver empatia.
- Inclua atualidades na rotina de estudo – Uma boa dica é manter um caderno de atualidades e relacioná-las aos conteúdos estudados, como história, geografia, sociologia ou biologia.
- Exercite o olhar crítico – Aprenda a fazer perguntas, cruzar dados e pensar com profundidade. A curiosidade intelectual é uma aliada poderosa.
Filmes, séries e documentários que ajudam a ampliar o repertório
Para além dos livros didáticos, conteúdos audiovisuais também podem ser grandes aliados na preparação. Veja algumas sugestões:
- “O Dilema das Redes” (Netflix) – Aborda os impactos das redes sociais na sociedade e na democracia.
- “Democracia em Vertigem” (Netflix) – Para refletir sobre momentos recentes da história brasileira, com olhar crítico e contextualizado.
- “Explicando” (Netflix) – Série documental com episódios curtos sobre temas diversos, de crise climática a desigualdade de renda.
- “Chernobyl” (HBO) – Minissérie sobre o desastre nuclear na Ucrânia nos anos 80, com conexões relevantes para geopolítica e ciência.
- “História das Coisas” (YouTube) – Documentário que explica o ciclo de produção e consumo no mundo globalizado.
- “O menino que descobriu o vento” (Netflix) – Um filme baseado em fatos reais sobre ciência, resiliência e transformação social.
O olhar crítico é treinável
O Enem exige, sobretudo, que o candidato saiba fazer conexões. “Mais do que memorizar, o aluno precisa refletir. É isso que os diferencia: aqueles que apenas leem e os que analisam”, diz o diretor do PB Colégio e Curso.
A escola defende que a formação de um aluno de alta performance passa por três pilares: disciplina nos estudos, treino constante com simulados e atualização sobre o mundo. “Temos que lembrar que esses jovens estão vivendo um tempo histórico. Ter consciência disso é o primeiro passo para escrever boas redações, interpretar melhor os textos e até compreender gráficos e dados com mais profundidade”, conclui Hugo de Almeida.
Com o Enem se aproximando, talvez a pergunta mais importante não seja apenas “o que estudar?”, mas sim “como estou olhando para o mundo à minha volta?”.
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