
Em um mundo cada vez mais conectado, onde as operações empresariais dependem de redes rápidas, estáveis e seguras, cresce o interesse por soluções que garantam maior controle sobre a infraestrutura de comunicação. Entre as alternativas mais promissoras, destaca-se a LTE privativa, uma tecnologia que vem ganhando relevância no Brasil e no mundo como resposta às exigências crescentes da digitalização industrial, do agronegócio conectado e de setores como mineração, energia, logística e saúde.
A LTE privativa é, essencialmente, uma rede móvel celular dedicada e criada exclusivamente para uso interno de uma empresa. Embora utilize os mesmos fundamentos técnicos das redes 4G e, em muitos casos, já esteja sendo integrada ao 5G, ela difere das redes públicas ao permitir que as companhias tenham controle total sobre a infraestrutura, a gestão e as regras de segurança. Trata-se de uma rede personalizada, implantada para atender às especificidades do ambiente em que opera, seja um parque fabril, um terminal portuário, uma plantação automatizada ou um campus universitário.
Com o avanço da transformação digital e a crescente adoção de tecnologias como Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial e automação em larga escala, o volume de dados trocados internamente entre máquinas, sensores, sistemas e colaboradores aumentou exponencialmente. Nesse cenário, depender de redes públicas pode representar um risco, não apenas pela possibilidade de instabilidade ou latência, mas também pelas limitações em termos de segurança, personalização e disponibilidade de banda.
A LTE privativa vem justamente suprir essas lacunas. Ao permitir que a própria empresa, ou um parceiro autorizado, opere sua rede móvel, a organização consegue configurar parâmetros de desempenho específicos, garantir níveis superiores de segurança e manter a comunicação ininterrupta, mesmo em locais remotos ou com alta densidade de dispositivos conectados. A autonomia obtida com essa tecnologia é fundamental para aplicações críticas, em que qualquer falha de conectividade pode significar prejuízos operacionais ou riscos à segurança.
No aspecto técnico, a estrutura de uma LTE privativa segue o modelo tradicional das redes móveis: inclui antenas, estações rádio base, o núcleo da rede (Evolved Packet Core) e os dispositivos conectados. A grande diferença é que todos esses elementos são implantados com foco exclusivo nas necessidades da empresa, em um ambiente totalmente controlado. A conectividade pode operar em faixas de frequência licenciadas, compartilhadas ou não licenciadas, conforme a regulamentação vigente. No Brasil, a ANATEL tem facilitado o processo de obtenção de licenças de uso, o que torna a implementação de redes privativas uma solução viável e simples para empresas que atendem aos requisitos legais e operacionais.
Além dos ganhos técnicos e operacionais, a adoção da LTE privativa está diretamente relacionada à competitividade das empresas em um ambiente de negócios cada vez mais orientado por dados. A capacidade de conectar sistemas com baixa latência, manter a segurança de ponta a ponta e adaptar a infraestrutura conforme a evolução tecnológica permite que as organizações estejam preparadas para os desafios da Indústria 4.0 e da economia digital.
A LTE privativa oferece uma solução robusta para empresas que precisam de uma rede de comunicação dedicada e com total controle. Para tornar essa solução ainda mais eficaz, a integração com dispositivos específicos como IoT (LoraWAN), bodycams 4G, câmeras solares 4G, rádios POC e CPEs industriais permite uma conectividade eficiente para setores como energia, saneamento e agronegócio.
Essa conectividade também possibilita a implementação de análises preditivas e controle de qualidade, permitindo que, por exemplo, com as câmeras, seja possível utilizar analytics para o controle de placas, pessoas, gado, porcos e outros ativos, tudo isso com apenas o fornecimento de imagens e a utilização de software especializado para realizar filtros e análises detalhadas.
Além disso, a solução de CORE EPC agnóstico permite que a LTE privativa seja compatível com qualquer fornecedor de rádio 4G/5G, garantindo flexibilidade na escolha da infraestrutura. Com isso, é possível personalizar a rede conforme as necessidades específicas da empresa, sem a limitação de fornecedores.
A infraestrutura também é complementada por soluções como CoW (Cell on Wheels) e GreenSite (off-grid), que oferecem cobertura móvel e sustentável, especialmente em áreas remotas ou com restrições de fornecimento de energia, permitindo que a conectividade seja mantida com eficiência e sustentabilidade.
Por Michel Conte, diretor de Engenharia e Produtos da Agora Distribuidora.