Desde 2021, mais de 500 recém-nascidos de alto risco já foram beneficiados com a novidade implantada em cinco hospitais da rede conveniada da Unimed Goiânia. Bianca, nascida com apenas 580g, foi a primeira paciente atendida pelo programa

Quando a pequena Bianca nasceu, em dezembro de 2021, com apenas 580 gramas e 29 centímetros, a incerteza dominava os pais. Prematura extrema, nascida com apenas 26 semanas, ela chegava ao mundo no mesmo dia em que a Unimed Goiânia – Cooperativa de Trabalho Médico ativava um protocolo inédito de monitoramento cerebral contínuo para recém-nascidos de alto risco. Sem saber, Bianca seria a primeira bebê a ser acompanhada em tempo real por essa nova tecnologia — e sua história se tornaria símbolo de esperança para outras famílias.
“Foi um milagre de Deus em nossas vidas”, relembra a mãe, a representante comercial, Polliany Alves. “A Bianca nasceu extremamente frágil, mas tivemos o apoio dessa tecnologia e de uma equipe preparada, o que nos deu mais segurança. A neuromonitorização foi essencial, porque as intercorrências foram detectadas na hora. Hoje, ela leva uma vida normal, sem qualquer atraso motor ou neurológico. Caminha, brinca, vai à escola e se desenvolve dentro da faixa esperada para sua idade. Ela está ótima e sem nenhuma sequela. O milagre foi completo”, comemora.
O caso da Bianca marcou o início de uma nova era na assistência neonatal prestada pela Unimed Goiânia. Em parceria com a PBSF – Protecting Brains & Saving Futures, a cooperativa passou a adotar um modelo assistencial centrado também na proteção neurológica dos bebês, com o uso de eletroencefalograma contínuo, videomonitoramento e suporte remoto 24h de especialistas. Desde então, o programa já foi implementado em cinco hospitais da rede (Ela Maternidade, Hospital da Criança, Hospital Premium, Maternidade Amparo e Hospital Santa Bárbara), e até maio de 2025 já monitorou mais de 500 recém-nascidos, com mais de 28 mil horas de vigilância cerebral.
Tecnologia que salva vidas e transforma histórias
A pediatra neonatologista cooperada da Unimed Goiânia, Dra. Renata Lorenzetti, participou da implementação do programa e foi a médica responsável pelo acompanhamento da Bianca nos primeiros dias de vida. Para ela, a tecnologia representa um divisor de águas na assistência neonatal.
“Foi uma mudança significativa. Conseguimos identificar crises precocemente, ajustar o uso de medicações com mais precisão e, com isso, melhorar o prognóstico e reduzir o tempo de internação. Para os bebês e suas famílias, o resultado é um cuidado mais seguro, humanizado e centrado na qualidade de vida futura.”
No caso da Bianca, a experiência teve um peso ainda mais simbólico. “Ela foi a nossa primeira bebê monitorada no estado de Goiás. Nasceu exatamente no dia em que estávamos iniciando a implantação da tecnologia. A Bianca era uma prematura extrema, com apenas 26 semanas, e apresentava alto risco de complicações neurológicas. Tivemos três momentos distintos de monitoramento com ela: logo após o nascimento, no acompanhamento de uma cardiopatia e no pós-operatório de um procedimento para fechamento do canal arterial. O eletroencefalograma contínuo foi fundamental para tomadas de decisões mais precisas, desde o controle de crises até a racionalização do uso de anticonvulsivantes”, explica.
A médica também destaca o vínculo construído com a família. “Foram muitos meses de internação e até hoje mantenho contato com a mãe da Bianca. Ela me envia vídeos, mensagens e compartilha como a filha está evoluindo. É gratificante acompanhar o crescimento de uma criança que passou por uma fase tão crítica e, hoje, leva uma vida normal.
Segundo a especialista, o modelo adotado pela Unimed Goiânia vai ao encontro das melhores práticas internacionais em neonatologia. “Esse é um investimento em sobrevida com qualidade. A curto, médio e longo prazo, melhora os desfechos e reduz os custos assistenciais. A tecnologia integrada a uma equipe multiprofissional, treinada, capacitada e comprometida com os cuidados neurocríticos, faz toda a diferença”, afirma.
Impacto da tecnologia na prática clínica
A também pediatra neonatologista cooperada da Unimed Goiânia, Dra. Paula Pires, acompanhou diversos outros casos com o novo protocolo e destaca os avanços conquistados. “Tivemos bebês com crises convulsivas silenciosas, difíceis de identificar sem o monitoramento. Em um dos casos, a paciente ficou sete dias sob vigilância, e conseguimos controlar as crises e reduzir o uso de anticonvulsivantes com segurança. Foi determinante para o tratamento”, afirma.
Mais do que incorporar tecnologia, a iniciativa representa uma mudança de cultura e de paradigma na prática assistencial. “A manifestação clínica do recém-nascido é muito sutil. Antes, muitas decisões eram tomadas de forma empírica. Hoje, temos um apoio científico contínuo, com especialistas de São Paulo que nos orienta em tempo real. Isso muda a forma como a equipe atua, fortalece o raciocínio clínico e melhora o cuidado”, complementa.
A hematologista cooperada da Unimed Goiânia, Dra. Marcela Regina Araújo, traz seu ponto de vista sobre o apoio da tecnologia, destacando que com a supervisão remota e o recurso da PBSF, é possível conduzir tratamentos mais assertivos, uma demanda que surgiu dos próprios profissionais e levou à criação da UTI neurológica na rede de Goiânia. “É preciso desenvolver uma visão estratégica, entendendo que investir em tecnologia melhora o atendimento e aumenta as chances de um desfecho positivo para o paciente”, completa a hematologista.
Para Polliany, mãe da Bianca, o sentimento é de gratidão. “Eu já conversei com várias mães e sempre conto a história da minha filha. A maternidade onde ficamos no período foi muito acolhedora, os profissionais nos ajudaram muito, especialmente a Dra. Renata, que foi quase uma psicóloga para mim. Essa tecnologia foi uma ajuda de Deus materializada em um equipamento. Foi essencial.”