
A hiperconectividade trouxe agilidade e inovação para os negócios, mas também expôs empresas de todos os portes a novos riscos. Com dispositivos IoT, trabalho remoto e sistemas integrados à nuvem, a superfície de ataque corporativa se expandiu de forma exponencial.
Segundo o especialista em tecnologia e segurança William de Paiva Bella, que atua na proteção de sistemas bancários e hospitalares nas mais diversas áreas do mudo, a questão não é mais “se” uma empresa será atacada, e sim “quando”, e se estará preparada.
“Cada nova integração, cada API publicada e cada dispositivo conectado é uma porta em potencial para invasores. Hiperconectividade sem arquitetura de segurança robusta é como construir uma casa de vidro em um bairro perigoso”, alerta Bella.
O custo médio de uma violação de dados corporativos ultrapassa US$ 4,5 milhões, segundo dados internacionais, e 60% das pequenas empresas fecham em até seis meses após um ataque. Para o especialista, a segurança precisa ser tratada como investimento estratégico, não como despesa.
“Hiperconectividade é irreversível e necessária para a competitividade. Mas cada conexão deve nascer com segurança desde o design. As empresas que entendem isso protegem seu futuro; as que não entendem, acabam nas manchetes”, conclui Bella.
Com base em sua experiência com infraestruturas críticas, o especialista identifica sete vulnerabilidades comuns que costumam ser negligenciadas, e que colocam dados corporativos em risco. Confira:
- APIs desprotegidas: interfaces abertas sem autenticação forte nem monitoramento em tempo real.
- Trabalho remoto inseguro: colaboradores acessando sistemas críticos em redes domésticas e dispositivos pessoais vulneráveis.
- Dispositivos IoT sem controle: impressoras, câmeras e sensores com senhas padrão e firmware desatualizado.
- Configuração incorreta da nuvem: dados expostos por falhas de gestão e permissões excessivas.
- Cadeia de fornecedores: parceiros com acesso privilegiado e pouca governança de segurança.
- Fator humano: erros e fraudes causadas por falta de treinamento e conscientização.
- Ausência de plano de resposta: empresas que improvisam em crises e agravam o impacto dos ataques.
Entre as medidas consideradas essenciais estão:
- Autenticação multifator em todos os acessos;
- Controle centralizado de dispositivos e permissões;
- Segmentação de redes e dados sensíveis;
- Auditorias frequentes de configurações e fornecedores;
- Treinamentos regulares para todos os colaboradores.
Segundo Bella, a resposta passa por mudança de mentalidade. “É preciso migrar de uma postura reativa para uma cultura de segurança contínua, baseada no princípio do Zero Trust, onde nenhum usuário ou dispositivo é confiável por padrão”, conclui.
