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Alterações visuais repentinas exigem avaliação rápida, alerta oftalmologista

Especialista explica que sintomas discretos podem indicar descolamento de retina e reforça a importância do atendimento imediato

Alterações visuais repentinas exigem avaliação rápida, alerta oftalmologista
imagem gerada por IA

Você já sentiu algum clarão inesperado, percebeu pontinhos escuros na visão ou conheceu alguém que notou uma “sombra” que parecia crescer no campo visual e resolveu esperar para ver se melhorava sozinho? Esses sinais, muitas vezes minimizados, podem indicar uma emergência que não dá margem para hesitação: o descolamento de retina. O problema evolui rápido e pode comprometer a visão de forma irreversível. Para o Dr. Matheus Andrade, oftalmologista do IOBH – Instituto de Olhos de Belo Horizonte, reconhecer esses alertas é decisivo. “A retina é um tecido nervoso extremamente sensível. Quando ela se solta, começa a morrer. Cada minuto interfere diretamente no resultado final”, afirma.

O médico explica que o descolamento ocorre quando o tecido responsável por captar a luz perde sua aderência, causando danos progressivos. “Se a retina é recolocada rapidamente, a recuperação visual costuma ser muito melhor”, destaca. O atraso no atendimento, por outro lado, reduz bastante o prognóstico. “Com o passar do tempo, a dificuldade de recuperação aumenta”, reforça o especialista.

Os primeiros indícios aparecem na própria visão e não incluem dor, o que leva muitos pacientes a subestimarem o quadro. “O descolamento não dói. A pessoa pode notar flashes, manchas escuras, perda parcial do campo visual ou uma sensação de cortina se fechando”, explica o oftalmologista. A perda súbita da visão em apenas um dos olhos exige atenção imediata. “É um sinal grave e precisa ser avaliado rapidamente”, alerta.

Alguns grupos têm maior propensão ao problema, como pessoas com miopia elevada, histórico familiar, diabetes ou que passaram por cirurgias oculares. O fator idade também pesa. “Acima dos 50 anos, o vítreo começa a se soltar como um velcro. Nesse processo, ele pode rasgar a retina, criando pequenas aberturas por onde o líquido entra e descola o tecido”, esclarece. Apesar de mais frequente após essa faixa etária, o quadro também pode ocorrer em adultos jovens após traumas oculares ou com miopia muito alta. “Não é comum antes dos 30 ou 40 anos, mas pode acontecer”, complementa o Dr. Matheus.

O diagnóstico é rápido quando feito por um especialista. “O mapeamento de retina realizado no consultório identifica a maioria dos casos”, explica o médico. Em situações mais complexas, exames como ecografia ocular, angiofluoresceinografia ou OCT ajudam na confirmação. O tratamento é cirúrgico. “A vitrectomia posterior é a técnica mais utilizada. Removemos a gelatina interna do olho, aplicamos laser para colar a retina e utilizamos gás ou óleo para manter o tecido no lugar”, detalha o oftalmologista. Dependendo do caso, retinopexia pneumática ou introflexão escleral também podem ser indicadas.

O tempo é um fator crítico. “O ideal é operar até três dias após o início do descolamento. Uma ou duas semanas ainda podem ser aceitáveis, mas depois de um mês o resultado tende a ser muito pior”, alerta. Como o outro olho costuma compensar parte da perda, muitas pessoas demoram a notar o problema. “A pessoa pensa que está enxergando bem, mas um olho já está comprometido. Essa demora reduz bastante a chance de recuperação”, comenta.

Após a cirurgia, o acompanhamento é essencial e o risco de novos episódios existe, especialmente quando há fatores predisponentes. Consultas periódicas, orientações do cirurgião e atenção a qualquer alteração ajudam a evitar complicações futuras. Avaliações de rotina também identificam lesões predisponentes antes que se tornem graves.

O especialista reforça a mensagem central: reconhecer rapidamente os sinais protege a visão. “Notou flashes, manchas ou perda de campo? Procure atendimento imediatamente”, orienta. Ele conclui com um alerta direto: “Se houver perda súbita da visão, principalmente em apenas um olho, não espere. Cada minuto conta. Busque ajuda para ontem”, finaliza o Dr. Matheus Andrade, oftalmologista do IOBH – Instituto de Olhos de Belo Horizonte.