Com novas regras de IBS e CBS, micro e pequenas empresas precisam se organizar agora para evitar impactos no caixa e na operação.

A reforma tributária já começou a sair do papel no Brasil e, embora a implementação total esteja prevista para 2032, os anos de 2025 e 2026 serão decisivos para as empresas, especialmente micro e pequenos negócios.
A mudança altera a forma como os impostos sobre consumo são cobrados e declarados, exigindo ajustes práticos desde já. Isso inclui revisão na emissão de notas fiscais, atualização de cadastros, reforço nos controles internos e maior automação dos processos, já que o governo ampliará exigências e cruzamentos de dados.
No Brasil, mais de 20 milhões de empresas se enquadram como micro e pequenas — incluindo MEIs, microempresas e empresas de pequeno porte — o que torna a adaptação à nova lógica tributária um desafio de alcance nacional.
Planejamento e digitalização deixam de ser opcionais
A advogada tributarista e mestre em Direito, Anna Dolores Sá Malta, alerta que empresas que ainda operam com controles manuais ou planilhas simples terão mais dificuldades para acompanhar as novas regras.
Segundo a especialista, simular cenários de custos e margens é essencial para ajustar preços, contratos e evitar surpresas no fluxo de caixa. Além disso, equipes das áreas financeira, contábil, fiscal e de TI precisarão de capacitação específica para operar dentro do novo modelo tributário.
IBS e CBS exigem mudanças em sistemas e processos
A reforma substitui tributos conhecidos, como ICMS, ISS, PIS e Cofins, pelos novos IBS e CBS. Isso exigirá atualização de ERPs, módulos fiscais e sistemas de emissão de notas fiscais.
Durante o período de transição, as empresas terão de lidar com regras paralelas, o que aumenta a complexidade operacional e o risco de erros, especialmente para pequenos negócios que não se prepararem com antecedência.
2025 será o ano-chave para adaptação
Embora a implementação total da reforma ocorra apenas em 2032, 2025 será um ano decisivo. Pequenas empresas, que representam mais de 90% dos negócios no país, precisarão acompanhar de perto as regulamentações para evitar travamentos na operação.
Setores de serviços, empresas com operações interestaduais e negócios enquadrados no Simples Nacional podem enfrentar ajustes mais complexos, seja pela perda de benefícios atuais ou pela necessidade de integrar novos sistemas.
Riscos, mas também oportunidades
Apesar dos desafios, a reforma traz oportunidades. A padronização nacional e a simplificação interestadual tendem a reduzir distorções e melhorar o ambiente de negócios no médio prazo.
Para Anna Dolores, empresas que se prepararem de forma estruturada podem transformar a reforma tributária em vantagem competitiva. Já quem deixar para a última hora deve enfrentar mais custos, incertezas e riscos operacionais.
Entre as recomendações estão a criação de comitês internos para acompanhar a regulamentação, revisão de fornecedores de software, busca por assessoria especializada e projeção de cenários de carga tributária.
