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Estudo mostra como a convivência com animais pode mudar o cérebro humano e promover bem-estar

Interação com pets ativa hormônios ligados ao afeto e à empatia e pode até alterar estruturas cerebrais, aponta pesquisa publicada no CPAH Science Journal of Health pelo médico veterinário e especialista em neurociências Flávio Nunes 

O vínculo entre humanos e animais vai muito além do simples afeto do dia a dia, trazendo benefícios para a saúde mental e bem-estar.

É o que mostra um estudo recente, e trabalho de conclusão de curso pelo CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito de especialização em Neurociências, publicado no CPAH Journal, essa interação também envolve mudanças reais no cérebro, tanto no funcionamento quanto na estrutura, com efeitos diretos sobre o estresse, a empatia, o humor e a saúde emocional.

A pesquisa foi conduzida pelo médico veterinário e especialista em neurociências Flávio Nunes e se baseia em uma revisão extensa da literatura científica sobre o tema.

“Este estudo mostra como a convivência com animais ajuda a gerar transformações profundas no comportamento humano, apoiadas em mecanismos neurobiológicos concretos”, explica.

A ciência por trás do carinho

A troca de afeto entre humanos e animais ativa sistemas hormonais e emocionais no cérebro. Um dos hormônios mais envolvidos é a ocitocina, popularmente conhecida como o “hormônio do amor”, que está ligada à formação de vínculos, à redução do estresse e ao aumento da confiança.

“Vários estudos já mostram que o simples ato de acariciar um animal pode aumentar os níveis de ocitocina tanto nas pessoas quanto nos próprios animais”, explica Flávio Nunes, citando pesquisas internacionais que embasam sua análise.

“Além da ocitocina, há também a redução dos níveis de cortisol (o hormônio do estresse) e a liberação de dopamina e serotonina, neurotransmissores ligados ao prazer e ao bem-estar”.

Um cérebro que se adapta à convivência com pets

Outro conceito-chave do estudo é a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se reorganizar em resposta a novas experiências. De acordo com o estudo, a convivência regular com animais pode modificar circuitos neurais ligados à empatia, cognição social, memória e até coordenação motora.

“Pesquisas com exames de neuroimagem já demonstraram que pessoas que vivem com animais de estimação têm maior ativação em áreas cerebrais ligadas às emoções sociais, além de maior densidade de matéria cinzenta em regiões associadas à atenção e ao aprendizado”.

“Treinar um animal, por exemplo, estimula o cérebro humano de formas semelhantes à aprendizagem de um novo idioma ou habilidade motora”, destaca.

Aplicações terapêuticas em crescimento

A relação com animais também vem sendo cada vez mais usada em contextos terapêuticos. A chamada Terapia Assistida por Animais (TAA) já demonstrou benefícios importantes no tratamento de condições como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e autismo.

Esses efeitos, segundo o estudo, não são apenas emocionais, mas têm base fisiológica, como alterações hormonais, modulação da resposta ao estresse e adaptações cerebrais que favorecem a resiliência emocional.

“A interação com os animais ativa nossos sentidos, reorganiza nosso cérebro e promove bem-estar. Essa é uma relação que transforma os dois lados”, conclui o médico veterinário Flávio Nunes.
 
Sobre Flávio Nunes

Dr. Flávio Nunes é Médico Veterinário, Pedagogo, Neuropsicopedagogo, Arteterapeuta e Educador, Mestre em Ciências Ambientais, especialista em Educação, Neuroaprendizagem, Comportamento Humano, Intervenção ABA e Altas Habilidades/Superdotação. Com uma abordagem nexialista, polímata e multipotencialista, seus interesses acadêmicos abrangem etologia, neurodiversidade, criatividade, inovação e cultura colaborativa. Estuda relações intra e interespecíficas, heutagogia, neurofisiologia e neuroplasticidade em OneHealth (Saúde Única). É membro da Mensa Brasil, Mensa Internacional, Intertel e IIS-IQ, também sendo pesquisador do CPAH.