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77% das famílias brasileiras estão endividadas; estratégias podem ajudar a equilibrar o orçamento

Alta dos juros e falta de planejamento agravam cenário de endividamento no país

O endividamento é um dos principais problemas que afetam a rotina e o poder de compra dos brasileiros. Atualmente, a parcela da população nessa situação continua alta.

É o que aponta um relatório da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que mostra que 77% das famílias brasileiras enfrentam algum tipo de dívida. Os dados são de abril de 2025 e representam uma leve alta em relação aos 76,7% registrados no ano anterior.

A análise faz parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), que busca retratar a realidade nacional nesse aspecto e servir de base para a busca por soluções que tragam mais estabilidade ao orçamento familiar.

Pesquisa mostra cenário com muitos brasileiros endividados

De acordo com especialistas, apesar do número elevado de famílias endividadas, a pequena variação aponta para um perfil mais consciente em relação ao controle das finanças.

No fim de 2024, segundo José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, o tipo de dívida apresentou um comportamento mais equilibrado, com pessoas demonstrando maior responsabilidade financeira.

Na época, o número de brasileiros que se consideravam “muito endividados” caiu para 15,2%, o menor índice desde o final de 2021.

Por outro lado, a inadimplência aumentou em 2025, atingindo cerca de 29% das famílias. Além disso, também cresceu a quantidade de pessoas que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas, passando de 12,2% em março para 12,4% em abril.

A expectativa para o fim de 2024 era de aumento no endividamento, sobretudo em razão dos gastos típicos das festas de fim de ano. Por isso, os especialistas reforçam a importância de manter planos de longo prazo para lidar com as dívidas, considerando as variações ao longo dos meses.

Alta nos juros e novas dívidas preocupam economistas

Segundo economistas, a elevação nas taxas de juros tende a dificultar ainda mais o pagamento das dívidas ao longo do ano. Com isso, uma parte maior da renda familiar deverá ser direcionada ao pagamento de compromissos financeiros.

O programa Desenrola, iniciativa do governo federal, teve impacto positivo inicial, reduzindo a inadimplência em 8,7% entre quem recebe até dois salários mínimos. No entanto, novas dívidas acabaram anulando parte desse avanço.

Além dos juros e da inflação, a falta de educação financeira também contribui para esse cenário. Dessa forma, os brasileiros acabam assumindo diferentes tipos de dívida, como:

  • Empréstimo pessoal: contratado diretamente com uma instituição financeira para cobrir gastos emergenciais, com juros variáveis;

  • Financiamento: crédito voltado para a compra de bens como casa ou carro, geralmente de longo prazo;

  • Cartão de crédito: muito utilizado no dia a dia, permite o pagamento concentrado no fim do mês, mas pode gerar altos juros se mal planejado;

  • Empréstimo consignado: descontado diretamente da folha de pagamento ou de benefícios do INSS, com juros menores, mas impacto direto na renda;

  • Dívida com impostos: envolve o não pagamento de tributos obrigatórios como IPVA, IPTU e Imposto de Renda.

Estratégias para reduzir o impacto das dívidas

Apesar do cenário preocupante, algumas estratégias podem ajudar a amenizar os efeitos das dívidas. O planejamento financeiro de longo prazo, por exemplo, é uma medida simples, mas essencial para evitar surpresas no orçamento.

Entre os trabalhadores, uma tendência atual é o uso do cartão multibenefícios, que reúne todos os benefícios vinculados ao salário, facilitando uma gestão mais eficiente das finanças.

Reservar uma quantia para emergências, quando possível, também pode fazer diferença. Além disso, muitas instituições permitem negociar os débitos para encontrar condições que atendam ambas as partes.

Em geral, atitudes preventivas também são fundamentais. O ideal é que as famílias se organizem para planejar os gastos mensais, evitando despesas desnecessárias e mantendo o controle sobre entradas e saídas de dinheiro.

Com mais de dois terços das famílias endividadas, o cenário exige atenção nos próximos meses. No entanto, essas medidas podem minimizar os prejuízos e ajudar a atravessar esse período de forma mais equilibrada.