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Saiba como funciona a união da criptomoeda no agronegócio

foto: Pexels

Criptomoedas no agronegócio? Sim, já é realidade a união entre dois negócios de natureza tão diversa, mas que, no final da linha, podem se complementar e muito. Produtos do setor de agro lastreiam criptoativos específicos que, por sua vez, podem apoiar os negócios do setor.

Os passos são relativamente simples. Primeiro, um produto da agropecuária precisa ter uma determinada quantidade estocada e ser certificado. Assim, ele pode ser transformado em um token digital representando o ativo real.

Um sistema de governança garante que esse token corresponda ao ativo, é confiável, conversível, auditável e pode ser negociado. Desta forma, os tokens podem ser usados como garantia, para adiantar recursos para o produtor ou até para venda. Isso é feito pela tecnologia de blockchain, com contratos inteligentes que são auto executáveis e auditáveis.

“Na prática, é uma forma de dar liquidez e acessibilidade a ativos que antes ficavam travados na cadeia tradicional”, diz Ricardo Dantas, o principal executivo da Foxbit, grupo que se apresenta como um ecossistema abrangente para todas os tipos de operações envolvendo criptoativos.

De acordo com ele, um dos exemplos mais interessantes hoje é o Agrotoken, da Argentina. “Eles conseguiram estruturar tokens lastreados em soja, milho e trigo, com lastro físico, armazenagem auditada e integração com cooperativas”, conta.

Por enquanto, estes ativos são mais encontrados em plataformas específicas voltadas ao agronegócio que para o investidor de varejo, mas, considerando a força do agro e da tecnologia financeira brasileira, é um segmento para ficar de olho.

Tecnologia ajuda na visibilidade dos ativos

A base tecnológica existe e esses ativos devem ganhar mais visibilidade, segundo Dantas, da Foxbit, lembrando que, para além das terras e dos produtos, o agronegócio movimenta uma grande quantidade de contratos e informações como de logística e crédito. “E é justamente nesse ponto que o blockchain faz diferença. Com essa tecnologia, é possível garantir rastreabilidade, integridade de dados, redução de intermediários e automação em contratos, sem depender de sistemas fechados ou burocráticos. A produção continua sendo física, claro. Mas toda a parte financeira, documental e transacional pode ser mais eficiente, transparente e segura”, afirma.

Com cerca de R$ 500 milhões em operações ligadas ao agronegócio, o Mercado Bitcoin, diz que a tokenização de ativos “permite transformar instrumentos tradicionais, como recebíveis e estruturas de dívida, em investimentos digitais acessíveis, eficientes e com liquidez”.

O MB cita como um dos principais exemplos de sua atuação no setor agro o que diz ser o primeiro produto de renda fixa digital do Brasil: um token estruturado pela E-ctare, empresa de soluções tecnológicas de concessão de crédito para produtores rurais. Com ele, captou R$ 10 milhões que financiaram pequenos e médios produtores rurais a expandirem suas áreas plantadas.

“A relevância do agronegócio para a tokenização se fortalece ainda mais diante das oportunidades únicas do mercado brasileiro. O País possui um estoque potencial de R$ 3,6 trilhões em ativos tokenizáveis, mas menos de 0,5% disso foi explorado até agora”, diz o Mercado Bitcoin, segundo o qual a tecnologia aplicada ao monitoramento de fazenda, por exemplo, permite acompanhar indicadores de produção, práticas sustentáveis, evolução do ciclo agrícola e outros dados que ajudam a garantir a solidez dos investimentos.

“Essa rastreabilidade é um diferencial importante dos tokens lastreados no agro porque conecta o investidor à realidade do campo de forma transparente, confiável e com potencial de impacto direto na economia real”, avalia a companhia.