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Mesmo alimento, calorias diferentes: entenda como a microbiota interfere no emagrecimento

Nutróloga explica como a composição das bactérias intestinais afeta a forma como o corpo absorve calorias e armazena gordura; veja 5 dicas para cuidar do seu intestino

Duas pessoas podem ingerir o mesmo alimento, mas metabolizar de forma diferente – foto: Freepik

 

Você já ouviu dizer que o intestino é o “segundo cérebro”? A ciência já estuda há anos o papel das bactérias intestinais em funções como imunidade, saúde mental e até no controle de peso. E uma das descobertas mais curiosas dessa área é que a microbiota pode interferir na quantidade de calorias que o corpo realmente absorve dos alimentos.

A explicação é simples e, ao mesmo tempo, surpreendente: algumas bactérias intestinais extraem mais energia dos alimentos do que outras. Isso significa que duas pessoas podem comer exatamente o mesmo prato, mas metabolizar de forma diferente. “É como se, para uma pessoa, uma maçã tivesse 90 calorias, e para outra, apenas 60, afirma a médica nutróloga Fernanda Vasconcelos, do Instituto Qualitté.

A seguir, a médica esclarece as principais dúvidas sobre a influência da microbiota no emagrecimento e como melhorar esse equilíbrio.

Como a microbiota interfere no peso? 

A diferença está na forma como as bactérias fermentam os alimentos e liberam compostos que impactam o metabolismo, como os ácidos graxos de cadeia curta. Essas substâncias influenciam na saciedade, na inflamação e na forma como armazenamos gordura.

Segundo revisão publicada no World Journal of Gastroenterology, cientistas observaram que alterações na composição da microbiota estão associadas à maior extração de calorias da dieta, menor diversidade bacteriana e desequilíbrios que favorecem o acúmulo de gordura, especialmente em pessoas com obesidade.

Microbiota equilibrada emagrece?

Não é automático, mas ajuda. Ainda de acordo com a revisão no World Journal of Gastroenterology, pessoas com obesidade tendem a apresentar menor diversidade de bactérias no intestino, o que prejudica funções como absorção de nutrientes e regulação do apetite.

Obesidade também muda a microbiota?

A relação entre microbiota e peso é de mão dupla. Um desequilíbrio nas bactérias intestinais pode contribuir para o ganho de peso, e a própria obesidade pode alterar a composição dessas bactérias. Por isso, manter uma microbiota saudável é parte importante de um plano de saúde integral e preventivo.

O que prejudica o equilíbrio intestinal? 

  • Dietas ricas em ultraprocessados, açúcares e gorduras ruins
  • Uso frequente de antibióticos sem necessidade
  • Estresse crônico e noites mal dormidas
  • Falta de fibras, frutas e alimentos fermentados

Como cuidar melhor do intestino? 

A Dra. Fernanda lista cinco atitudes simples que ajudam a manter a microbiota saudável, e, de quebra, favorecer o emagrecimento:

  • Inclua alimentos com fibras (frutas, legumes e grãos integrais) na dieta diária
  • Evite ultraprocessados e bebidas açucaradas
  • Consuma alimentos fermentados, como iogurte natural
  • Priorize o sono e mantenha uma rotina ativa
  • Evite antibióticos desnecessários

Segundo a médica, entender a influência da microbiota é um passo importante para personalizar estratégias de emagrecimento. “Num futuro bem próximo, os alimentos não vão mais ter uma caloria fixa. A forma como nosso corpo responde a eles depende da microbiota que carregamos”.

Sobre Dra. Fernanda Vasconcelos

É médica clínica e nutróloga, especialista em avaliação metabólica, nutrologia esportiva e longevidade. Possui título de especialista em Nutrologia pela AMIB/ABRAN e em Clínica Médica pelo MEC. É pós-graduada em Medicina do Esporte pela UNIP e tem especialização em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Atua no acompanhamento metabólico e nutricional para emagrecimento, performance esportiva, análise comportamental e saúde hormonal. Também trabalha com terapias nutricionais aplicadas a doenças crônicas, como diabetes, endometriose e distúrbios hormonais.

Além da atuação clínica, possui experiência hospitalar em terapia nutricional e cuidados intensivos, com passagem por instituições como Hospital Geral do Mandaqui (SP),  Hospital do Servidor Público Estadual – IAMSP (SP), Hospital Santa Cruz (SP), Hospital Dom Antônio Alvarenga (SP), Hospital Central de Guaianases (SP) e Hospital Santa Mônica (SP), Hospital Geral de Parauapebas (Parauapebas-PA), Intensi Care (Parauapebas-PA) e Hospital Daniel Gonçalves (Canaã dos Carajás) e Hospital MedVida (Canaã dos Carajás).

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