Por Matheus Macedo, da UnicoPag

Nos bastidores do universo digital, travam-se algumas das batalhas mais sofisticadas do nosso tempo. Entre transações que duram milésimos de segundo e fluxos de dados que atravessam fronteiras em tempo real, acontece uma guerra constante contra fraudes, anomalias e estratégias criminosas cada vez mais elaboradas. Diante desse cenário, a inteligência artificial deixou de ser promessa para se tornar uma aliada inquestionável.
A evolução tecnológica dos crimes financeiros não dá trégua e não perdoa a lentidão das defesas tradicionais. O que antes exigia revisão humana minuciosa agora depende da capacidade dos algoritmos em aprender, se adaptar e agir antes que o prejuízo aconteça. Essa lógica vem transformando a prevenção de fraudes em gateways de pagamento e departamentos de compliance. A inteligência artificial acelera a detecção de irregularidades, reduz falsos positivos, aumenta a precisão e oferece um olhar mais profundo sobre o comportamento dos usuários, sendo ao mesmo tempo vigilante e estrategista.
Casos reais demonstram o impacto dessa transformação. A TickPick recuperou US$ 3 milhões ao adotar um sistema adaptativo baseado em IA. A Mastercard aumentou sua taxa de detecção em até 300% e diminuiu significativamente as rejeições injustas. São ganhos operacionais que comprovam como a inteligência artificial ajuda as empresas a equilibrar segurança e eficiência de maneira inédita.
A escala desse fenômeno é igualmente impressionante. Somente em 2023, a Visa evitou cerca de US$ 40 bilhões em fraudes ao bloquear mais de 80 milhões de transações suspeitas. O investimento da empresa em tecnologia ultrapassou US$ 500 milhões, refletindo um mercado com projeções ousadas que apontam para um crescimento anual superior a 20% no segmento de IA voltado à prevenção de fraudes até 2030, com uma economia global potencial acima de US$ 48 bilhões por ano.
O valor da inteligência artificial vai além dos números. Ao aprender continuamente o comportamento típico de cada cliente, essas soluções conseguem identificar desvios sutis mesmo quando não há sinais óbvios. Isso significa menos revisões manuais, que já foram reduzidas em cerca de 45%, onboarding mais rápido e uma experiência aprimorada para o consumidor. A redução de falsos positivos chega a 60% e a de falsos negativos a 50%. Em tempos de deepfakes e triangulações complexas, esse grau de precisão é mais do que bem-vindo, é essencial.
Não se trata mais de escolher entre segurança e fluidez, porque a inteligência artificial possibilita ambas. Em um ecossistema financeiro onde reputação, conformidade e escalabilidade são pilares interdependentes, fica claro que investir em IA não é luxo nem tendência. É uma resposta urgente à crescente complexidade das ameaças digitais e uma aposta certeira na sustentabilidade do setor. A questão não é se a inteligência artificial será adotada na prevenção de fraudes, mas quando isso acontecerá e se as empresas conseguirão implementá-la a tempo de não ficarem vulneráveis diante de um inimigo que não dorme, não descansa e já entendeu como o sistema funciona.
Matheus Macedo é responsável pelo setor de Compliance da UnicoPag.