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Tricologista explica as diferenças entre hidratação, nutrição e reconstrução e alerta para o risco da ‘saturação capilar’

Exagerar nos tratamentos pode deixar o cabelo pesado, opaco e até quebradiço. O biomédico e tricologista Danilo Arantes explica como identificar o que o seu cabelo realmente precisa

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No universo dos cuidados com o cabelo, é comum ouvir falar em cronograma capilar, máscaras de hidratação e reconstrução. Mas, afinal, você sabe qual é a diferença entre hidratação, nutrição e reconstrução capilar e por que exagerar nesses tratamentos pode ter o efeito contrário ao esperado?

De acordo com o biomédico Danilo Arantes, especialista em Tricologia e mestre em Biotecnologia, entender a função de cada tratamento é essencial para conquistar fios realmente saudáveis. “Cada etapa do cuidado tem uma função específica, e o excesso de produtos ou a aplicação desordenada pode levar a saturação capilar, conhecido como build-up,que deixa o cabelo pesado, opaco e até mais suscetível à quebra”, explica o especialista.

Hidratação

A hidratação, cujo nome deriva do grego hydor (água), tem o papel fundamental de repor a água perdida dos fios, o que consequentemente repõe nutrientes e minerais. O tratamento visa combater o ressecamento, a aspereza e a opacidade, restaurando a maciez e a flexibilidade dos fios. Produtos hidratantes geralmente contêm vitaminas e são indicados para cabelos secos, opacos, com frizz excessivo e pontas ressecadas.

Nutrição

Este tratamento é focado na reposição dos lipídios (óleos/gorduras), que constituem a oleosidade natural perdida pelos fios. O ácido graxo (lipídio) funciona como uma “cola” entre as quatro camadas de cutículas sobrepostas na fibra capilar. O objetivo é alinhar a cutícula, permitindo que a água e os nutrientes sejam mantidos dentro do fio, combatendo o ressecamento e o frizz e devolvendo a vitalidade. O resultado de oferecer lipídio de forma correta e controlada é um fio mais brilhante, sedoso e macio. A umectação é uma técnica específica de nutrição que usa óleos vegetais puros para uma reposição oleosa profunda, recomendada para cabelos ultraprocessados.

Reconstrução

A reconstrução tem a função de reestruturar a fibra capilar através da reposição de proteínas. A queratina é a proteína mais abundante na composição do fio, sendo a cisteína um aminoácido abundante na sua formação. O tratamento visa reparar danos profundos, fortalecendo a fibra de dentro para fora. É indicada para cabelos danificados por processos químicos (coloração, descoloração, alisamento), uso excessivo de ferramentas de calor, ou que estão fracos, elásticos e quebradiços. Atenção: o excesso de queratina torna a fibra capilar rígida, o que aumenta a sensibilidade à quebra. A quebra próxima ao folículo pode, inclusive, dar a sensação de queda capilar.

Como evitar a saturação capilar

O tricologista Danilo Arantes ressalta que a saturação capilar, ou acúmulo de resíduos, acontece quando o excesso de produtos não é totalmente removido pelas lavagens regulares. Essa camada sobre os fios e o couro cabeludo impede a ação esperada dos tratamentos, gerando ineficácia.

A principal manifestação na haste capilar é a opacidade (falta de brilho). Além disso, o acúmulo de silicones e outros componentes insolúveis pode levar à hidrofobia capilar, “impermeabilizando” os fios e repelindo água e tratamentos. O uso frequente e desordenado de produtos, especialmente à base de queratina, pode tornar o cabelo rígido e mais suscetível à quebra.

No couro cabeludo, o acúmulo de produtos pode irritar e obstruir. A obstrução nos poros pode causar coceira (prurido) e oleosidade excessiva, pois o organismo tenta desobstruir aumentando a produção de sebo. Um couro cabeludo oleoso favorece a proliferação de fungos e bactérias, o que pode gerar descamação (caspa). Essa obstrução, no folículo capilar, pode afetar o nascimento, crescimento e nutrição do fio, aumentando a possibilidade de queda capilar.

Para evitar o build-up, Danilo Arantes orienta lavar bem os cabelos com o uso de shampoos, condicionadores e máscaras, e garantir que leave-ins não sejam aplicados no couro cabeludo. Ele ainda enfatiza a lavagem capilar diária para remoção dos produtos acumulados, lembrando que o shampoo deve ser usado apenas para lavar o couro cabeludo, e a espuma e a água escorrendo lavam o comprimento dos fios.