Pular para o conteúdo

As tendências de tecnologia que vão acelerar o Brasil em 2026

Por Rafael Leopoldo – Diretor de Growth e Tecnologia da Selbetti

As tendências de tecnologia que vão acelerar o Brasil em 2026
imagem criada com IA

A aceleração da inteligência artificial nas empresas brasileiras em 2025 mudou o eixo das discussões sobre tecnologia. De acordo com levantamento da AWS, 9 milhões de empresas no país já utilizam IA de forma sistemática – um aumento de 29% em apenas um ano. Mas, enquanto a inteligência artificial concentra a atenção, outras tecnologias menos visíveis, porém decisivas, avançam em paralelo e preparam terreno para uma transformação estrutural.

Para entender quais serão as principais tendências que devem dominar a tecnologia de ponta no Brasil a partir do próximo ano, realizamos um levantamento no mercado nacional, cruzando dados de tendências já mapeadas pelo Gartner com informações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Os temas identificados refletem um novo ciclo de prioridades: mais integração, menos improviso; mais segurança, menos hype. E devem orientar as decisões de investimento de empresas privadas e órgãos públicos até o fim da década.

Das dezenas de apostas tecnológicas listadas anualmente por analistas globais, apenas uma fração tem aderência real à realidade brasileira. Fatores como infraestrutura, regulação, maturidade digital e prioridades setoriais moldam o que, de fato, pode ser escalado localmente. A seleção a seguir foca em tendências com aplicação prática e impacto direto sobre os desafios e oportunidades do país nos próximos três anos.

Plataformas de desenvolvimento nativas em IA

A forma como empresas desenvolvem software no Brasil está prestes a passar por uma transformação radical. As plataformas nativas em inteligência artificial, que permitem criar aplicações inteiras por meio de prompts em linguagem natural, vêm sendo rapidamente adotadas por startups e empresas de grande porte, oferecendo um caminho direto para contornar a escassez de desenvolvedores e acelerar a entrega de soluções digitais.

A tendência, listada pelo Gartner como uma das principais transformações estratégicas para os próximos anos, aponta para um cenário em que a maior parte do código corporativo será gerado, acelerado ou revisado por IA.

Automação inteligente de processos (RPA/IPA)

A busca por eficiência operacional, a escassez de mão de obra qualificada e a pressão por escalabilidade levaram a automação de processos a ocupar papel central nas estratégias de transformação digital. O modelo clássico de RPA evoluiu com a incorporação da IA generativa, dando origem ao conceito de IPA – Intelligent Process Automation.

Esses sistemas leem documentos, interpretam comandos em linguagem natural, tomam decisões com base em aprendizado de máquina e executam ações integradas entre plataformas.

Plataformas de segurança para IA e cibersegurança preditiva

A cibersegurança preditiva pressupõe uma mudança de postura: atuar de forma antecipada, utilizando algoritmos de previsão, análise comportamental e automação inteligente para bloquear ameaças antes que causem impacto.

No Brasil, essa abordagem começa a ganhar escala, especialmente nos setores financeiro, telecom e varejo.

Cloud computing e soberania de dados

Segundo o Panorama Cloud 2025, 77% das empresas brasileiras já utilizam serviços em nuvem e 61% adotam a cloud como infraestrutura principal.

Um marco relevante foi a criação da Nuvem de Governo Soberana, operada por estatais como Serpro e Dataprev, que já conecta mais de 250 órgãos públicos.

Arquiteturas modernas de dados

Modelos como Data Lakehouse e Data Mesh ganham espaço ao resolver problemas de silos, duplicidade de dados e lentidão na geração de insights.

Análises em tempo real e inteligência de decisões

Bancos, varejistas e operadoras utilizam análises em tempo real para prevenção de fraudes, ajuste de ofertas e monitoramento de redes.

O passo seguinte é a adoção do Decision Intelligence, listada pelo Gartner como tendência até 2026.

Modelos de linguagem específicos por domínio (DSLMs)

Os DSLMs surgem para resolver limitações dos modelos generalistas, oferecendo maior precisão técnica, aderência regulatória e controle de dados sensíveis.

Conectividade como base da transformação digital

O Brasil já conta com mais de 1.500 municípios com cobertura 5G e mais de 45 milhões de conexões por fibra óptica, criando a base necessária para IA em tempo real, edge computing e operações digitais distribuídas.

O que essas tendências dizem sobre o futuro

O conjunto dessas tendências revela um novo estágio de maturidade digital no Brasil, baseado em eficiência, autonomia, governança e confiabilidade. A tecnologia deixa de ser suporte e passa a ser eixo estratégico de transformação.