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Por que testar pessoas assintomáticas é importante no combate ao coronavírus?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a afirmar nesta terça-feira (9) que as pessoas infectadas pelo novo coronavírus, mas que não possuem sintomas, também transmitem o vírus. O comunicado, emitido após uma integrante do órgão dizer que esse tipo de contágio “parece raro”, reforça que, sem vacinas ou medicamentos eficazes comprovados as estratégias de distanciamento social e testagem em massa da população continuam sendo os maiores aliados contra a propagação da pandemia de Covid-19.

Para a OMS, é certo que mesmo as pessoas sem sintomas, mas que testam positivo, são capazes de passar o novo coronavírus (SARS-CoV-2) para outros indivíduos. O que ainda não se sabe é o potencial de transmissibilidade dos assintomáticos. De acordo com o doutor em Genética e Biologia Molecular e CEO da BiomeHub, Luiz Felipe Valter de Oliveira, as incertezas demonstram que é importante a testagem em massa também nas pessoas que não possuem sintomas como uma das medidas de bloqueio para reduzir o número de infectados.

Primeiro, porque a identificação rápida de alguém infectado permite monitorar esse indivíduo e iniciar de forma precoce o tratamento em caso de evolução da doença, bem como a possibilidade de monitorar também as pessoas que mantiveram contato próximo com este assintomático, reduzindo o potencial de transmissão comunitário. A testagem nesse grupo também possibilita projeções mais assertivas dos órgãos de saúde quanto a real situação da pandemia e demandas do sistema. A medida também contribui para o retorno seguro às atividades econômicas.

— Os assintomáticos parecem ser peça importante para a dispersão do vírus, tanto na perspectiva populacional quanto no contexto econômico e dos serviços essenciais (que não podem parar), colocando em risco a saúde dos demais colaboradores e das operações dessas atividades. Por isso, estabelecer processos e protocolos para o monitoramento e identificação em massa dos casos assintomáticos, mas portadores do vírus SARS-CoV-2, torna-se fundamental para o controle da dispersão do vírus na população e uma ferramenta de gestão de risco para indústrias e serviços essenciais — considera Oliveira.

Testes de triagem molecular em pessoas assintomáticas

A testagem em larga escala de pessoas assintomáticas já é uma estratégia que está em curso no Brasil, liderada pela empresa de biotecnologia BiomeHub, que estabeleceu parcerias com entidades públicas e privadas nos estados do Sul, Sudeste e Nordeste, e atualmente realiza um teste de triagem molecular em grupos para viabilizar a retomada da atividade econômica com segurança. Cerca de 40 empresas e entidades brasileiras já aderiram ao sistema de testagem, permitindo que mais de 30 mil trabalhadores realizem suas atividades laborais com segurança. A estimativa é de que até julho o monitoramento seja multiplicado por dez.

Conhecido como “teste em pool”, o método se baseia em testar ao mesmo tempo as amostras de até 16 pessoas. Nesse modelo de testagem em grupo, são coletadas duas amostras de nasofaringe (nariz) e orofaringe (garganta) de cada indivíduo assintomático. Um dos materiais coletados fica reservado em um tubo individual, enquanto a outra amostra é testada no modo coletivo (mais barato) no método RT-PCR, o padrão ouro para detecção da infecção pelo novo coronavírus.

Caso alguém do grupo esteja contaminado, são realizados os testes individuais e os mesmos ficam isolados até a descoberta de quem do grupo está infectado pela doença. Em caso de o “grupo testar negativo”, todos são liberados com um único teste. Nesse modelo de monitoramento, os testes são repetidos a cada 15 dias para garantir a continuidade dos serviços em segurança. A capacidade atual de testagem desse método no laboratório da BiomeHub, em Florianópolis, é de até 20 mil testes por dia.