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Maioria no Sudeste desconhece 200 anos da Independência. População diz que agenda econômica vai mobilizar atenção e coloca Copa do Mundo em segundo plano em 2022

Foto de Willian Luiz no Pexels

Às vésperas do aniversário de 200 anos da Independência de Portugal, 60% dos brasileiros que vivem na região Sudeste não sabem dessa comemoração. Mas, depois de tomarem conhecimento desse evento, 50% declaram que o Brasil tem o que comemorar.

Nessa perspectiva histórica, os fatos mais lembrados pela população do Sudeste em 500 anos são a abolição da escravidão (51%) e a própria Independência do Brasil (31%), seguida pela redemocratização, iniciada em 1985 (17%) e pela Operação Lava-Jato (16%).

Quando perguntados sobre qual o melhor símbolo para traduzir o Brasil, a natureza é tida como a definição mais precisa do país para 55%, seguida pelo seu povo (37%), futebol (27%) e a dimensão continental do território (25%).

A fé (53%), seguida da criatividade (37%), são as características que melhor definem os brasileiros, segundo os entrevistados dos estados do Sudeste,

Mais da metade dos entrevistados (53%) se diz satisfeita com a vida no país, particularmente ao ver a si e sua família com boa saúde após a grave e longa crise sanitária. O número de pessoas que acredita em tempos melhores para o país em longo prazo (56%) supera os que acham que o Brasil estará pior daqui a 10 anos (18%).

Para 54% dos entrevistados, a saúde ainda é o maior desafio a ser enfrentado após o controle da pandemia. A fome e a pobreza foram citadas por 37% das pessoas ouvidas na pesquisa, enquanto a educação foi lembrada por 35% dos entrevistados.

Essas são algumas das revelações da 9ª edição do OBSERVATÓRIO FEBRABAN — Pesquisa FEBRABAN-IPESPE, que buscou investigar as percepções e expectativas para 2022 e os 200 anos da Independência política brasileira. O levantamento, realizado entre os dias 19 a 27 de novembro, com 3 mil pessoas nas cinco regiões do país, mostra que o brasileiro está resiliente frente às dificuldades impostas pela crise atual, mas cauteloso sobre o futuro próximo

Agenda econômica em primeiro lugar

Em 2022, a opinião pública da região sudeste deverá ser mais mobilizada pela agenda econômica, incluindo o desemprego e a inflação, que receberam 47% de menções, superando a lembrança das eleições (39%). A fome, a pobreza e a desigualdade tiveram a lembrança de 38% das pessoas. O controle da pandemia do coronavírus (26%) e a Copa do Mundo (19%) também foram destacados.

“Ao mesmo tempo que mostra a população preocupada com seu cotidiano, a pesquisa revela que o brasileiro tem esperança no futuro e espera, para os próximos anos, um país mais justo e com menos desigualdade social e, em segundo lugar, deseja um país sem corrupção”, diz Isaac Sidney, presidente da FEBRABAN. “A pesquisa comprova também que o brasileiro gosta de ser brasileiro e que a melhoria nas condições de saúde, seja pública seja da família, é motivo de grande satisfação”.

O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE, destaca ainda que, olhando adiante, boa parte dos entrevistados acredita que muitos dos hábitos que foram adquiridos ao longo da pandemia devem ser mantidos e até ampliados. “Nessa relação está o trabalho remoto, as compras online e a maior presença junto à família, além do uso de serviços de streaming para filmes e música, e a comunicação através de redes sociais e chamadas de vídeo”, diz Lavareda.

A íntegra do nono levantamento OBSERVATÓRIO FEBRABAN, pesquisa FEBRABAN-IPESPE recorte regional está no anexo.

Abaixo, seguem os principais resultados do levantamento na região Sudeste

Independência do Brasil

A maioria dos entrevistados (60%) não tinha conhecimento de que em 2022 o Brasil completará dois séculos de independência em relação a Portugal.

Os 200 anos da independência são motivo de comemoração para 50% das pessoas ouvidas, ao contrário de 46% que acham que o Brasil não tem razões para comemorar.

Fatos Históricos mais importantes

A abolição da escravatura no país é apontada como o acontecimento mais importante da história do Brasil por 51% dos entrevistados quando apresentado a vários fatos históricos. Em seguida, 31% mencionaram a independência do país, em 1822. A redemocratização a partir do fim do governo militar, em 1985, foi citada por 17% das pessoas ouvidas. A Operação Lava-Jato foi lembrada por 16% dos entrevistados.

Símbolos Nacionais

A natureza foi apontada por 55% das pessoas como símbolo que melhor define e representa o Brasil. A população aparece em segundo lugar, com 37%, seguida pelo futebol (27%) e pela dimensão continental do país (25%).

Característica positiva do brasileiro

Em pergunta de múltiplas respostas, mais da metade dos entrevistados (53%) aponta a fé como a característica mais positiva dos brasileiros. Outros 37% acham que a criatividade é o traço mais marcante da população. A capacidade de superação foi mencionada por 33% das pessoas, enquanto a solidariedade (23%) e a disposição para o trabalho (22%) também foram características bem ressaltadas. Mais de um quinto dos entrevistados (21%) citou a alegria dos brasileiros.

Satisfação com o país

A melhoria do quadro de saúde, com o avanço da vacinação e a queda nos índices de casos da Covid-19 e de mortes, faz com que mais da metade da população do Sudeste (53%) se considerem muito satisfeita (6%) ou satisfeita (47%) com a vida no país.

A saúde própria ou da família (59%) foi citada como o principal motivo de satisfação nesse momento. A família e as relações afetivas foram apontadas por 50% dos entrevistados como outro grande motivo de satisfação. O controle da pandemia do coronavírus é motivo de satisfação para 44% da população do Sudeste. Não obstante o grande índice de desemprego no país, pelo menos 15% se dizem satisfeitos com a vida que levam por conta do trabalho.

Problemas do País

No caso de maior controle da pandemia, a saúde foi citada por mais da metade dos ouvidos (54%), como principal problema que deve receber mais atenção em 2022. A fome e pobreza (37%) vêm em segundo lugar, seguida da educação (35%). O desemprego foi mencionado por 25%, a inflação e o custo de vida por 12%, a corrupção por 9%, a segurança pública e drogas por 8%, a crise hídrica e racionamento de energia por 5%, impostos por 4% e meio ambiente por 3%.

Brasil 2032

Numa projeção para os próximos dez anos, mais da metade da população entrevistada no Sudeste (56%) acha que o Brasil estará melhor do que hoje em dia. Para 18% dos entrevistados, o país estará pior no período de uma década. Outros 14% não acreditam em mudança, acham que vai continuar igual.

O que chamará atenção em 2022

As questões econômicas, a exemplo de desemprego e inflação, foram apontadas por 47% das pessoas como um dos temas que mais irão mobilizar a opinião pública neste ano. As eleições foram apontadas por 39% dos entrevistados. Problemas sociais, como fome, pobreza e desigualdade, foram mencionados por 38% das pessoas. Também houve destaque para a continuidade da questão da pandemia da Covid-19 (26%). Quase um quinto dos entrevistados (19%) acha que a Copa do Mundo será o tema que mais vai movimentar 2022. Menos de um décimo citam outros temas que irão mobilizar as pessoas ano que vem, tais como o meio ambiente e preservação das florestas (9%) e a crise hídrica e racionamento de energia (9%).

Mudanças da Pandemia

Depois de quase dois anos de pandemia, muita coisa mudou na vida das pessoas e alguns aprendizados deverão reverberar em 2022:

  • Para 55% o trabalho remoto será mantido no pós-pandemia.
  • Para 33%, hábitos de fazer compras online serão mantidos ou ampliados.
  • O mesmo percentual (33%) acredita na tendência de ficar mais em casa com a família.
  • 17% avaliam que a comunicação pelas redes sociais e chamadas de vídeo são outros hábitos que foram intensificados na pandemia e devem continuar em 2022.
  • 17% o uso de serviços digitais de bancos.
  • 14% apontam o estudo online ou a distância.
  • 6% citam a prática de esportes e atividades físicas; outros 6% citam o entretenimento online com uso de serviços de streaming para filmes e música; a redução de uso de carro particular foi lembrada por 5% dos entrevistados.

O que se espera do Brasil

No campo do desejo, a população do Sudeste espera principalmente um país mais justo, com menos desigualdade social (61%); sem corrupção (45%); com menos desmatamento e com a Amazônia protegida (28%); e um Brasil com economia forte (26%).

Sobre a Febraban

A FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos – é a principal entidade representativa do setor bancário brasileiro. Fundada em 1967, na cidade de São Paulo, é uma associação sem fins lucrativos que tem o compromisso de fortalecer o sistema financeiro e suas relações com a sociedade e contribuir para o desenvolvimento econômico, social e sustentável do País.

O quadro associativo da entidade conta com 117 instituições financeiras associadas, as quais representam 98,8% dos ativos totais e 96,6% do patrimônio líquido das instituições bancárias brasileiras.

Sobre o IPESPE

O Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), fundado em 1986, é uma das instituições mais respeitadas do Brasil no setor de pesquisas de mercado e opinião pública. E conta com um conselho científico formado por especialistas de diversas áreas, o qual é presidido por Antonio Lavareda, mestre em sociologia e doutor em ciência política.

Tem equipes operacionais e consultores em todos os estados do País e atuação em âmbito nacional e internacional, sempre atualizado com o que há de mais inovador em técnicas e sistemas de pesquisas. A experiência, o rigor técnico e a agilidade do IPESPE têm se transformado em ferramentas fundamentais para que empresas privadas, governos e organizações possam conhecer melhor o seu público e o mercado.

Sobre o OBSERVATÓRIO FEBRABAN

O OBSERVATÓRIO FEBRABAN — Pesquisa FEBRABAN IPESPE, foi lançado em junho de 2020 com objetivo de se tornar uma fonte de informações sobre as perspectivas da sociedade e o potencial impacto econômico-financeiro, ouvindo a população e estimulando o debate em diversos setores. Com periodicidade trimestral, a iniciativa é parte de uma série de medidas da Febraban para ampliar a aproximação dos bancos com a população e a economia real, de forma cada vez mais transparente.