Pular para o conteúdo

Favela cresce demograficamente e movimenta mais de R$ 200 bilhões

Dados são da mais recente edição da pesquisa Data Favela, que traz um raio-x das comunidades em todo o país e mostra quais os sonhos da população destes locais

 

Se as favelas brasileiras formassem um estado, seria o 3º maior do Brasil em população. É o que aponta a pesquisa Data Favela 2023. Segundo os dados, o número de favelas dobrou na última década, totalizando 13.151 mapeadas pelo país. E não foi só isso, a renda movimentada pela população destas comunidades também aumentou e quebrou a barreira dos R$ 200 bilhões – mais de R$ 12 bilhões a mais em relação ao último ano.

Segundo a pesquisa, atualmente, são estimados 5,8 milhões de domicílios em favelas com 17,9 milhões de moradores. Desse total, 5,2 milhões já empreendem, 6 milhões sonham ter um negócio próprio, e 7 em cada 10 pretendem abrir o empreendimento dentro da favela. Apesar dos números expressivos, apenas 37% dos empreendimentos são formalizados e possuem um CNPJ.

“A favela é a concentração geográfica das desigualdades sociais e muitas vezes o morador não encontra no emprego formal a oportunidade para desenvolver toda sua potencialidade. O morador da favela só vai conseguir ganhar mais do que dois salários mínimos se empreender dentro da favela. Assim, pode usar o seu potencial e fazer com que o dinheiro das favelas fique dentro das próprias favelas”, diz Renato Meirelles, fundador do Data Favela. Em relação ao aumento no número da população em comunidades, Meirelles explica que o fato se deve ao custo de vida elevado nas cidades e a busca por uma moradia mais barata nos últimos anos.

“Nesse dia, que é um marco na história do empreendedorismo de favela, a pesquisa vem para reforçar isso. A favela cresceu, mas não só no aspecto populacional. Mas, sobretudo, no aspecto econômico e no poder de compra. Com isso, não me resta dizer outra coisa que não a Favela é potência”, diz Celso Athayde, fundador do Data Favela.

Hábitos de consumo e sonhos

A pesquisa ainda traz dados sobre a intenção de consumo nos próximos 12 meses. Em relação a moradia, 6,5 milhões de pessoas pretendem comprar um imóvel, e 7,9 milhões têm intenção de comprar móveis para casa. Os dados reforçam que o principal sonho dos moradores de favela (34%) é ter uma casa própria – sendo que as mulheres (38%) são as que mais almejam a segurança da casa própria, enquanto 29% dos homens possuem esse desejo. Na sequência aparecem como principal sonho ter um negócio próprio (13%) e ter saúde (10%).

Já sobre educação, 7,9 milhões pretendem iniciar um curso profissionalizante, e 5,6 milhões um curso de idiomas. Porém, para 61% dos moradores que participaram da pesquisa o que falta para realizar as metas é dinheiro.

A pesquisa quantitativa foi realizada entre 6 e 13 de março de 2023 e entrevistou 2.434 moradores de favela distribuídos entre todas as regiões do País. A margem de erro máxima estimada de 2 pontos percentuais.