A tenossinovite de punho pode afetar até 70% das pessoas que digitam em excesso, incluindo adolescente e jovens adultos

Você sabe quantas horas por dia usar você usa o seu celular, especialmente para digitar? Saiba que o uso excessivo do celular, computadores e outros dispositivos eletrônicos está intimamente ligado ao desenvolvimento a tenossinovite de De Quervain, popularmente chamada de “WhatsAppinite”.
Embora na população em geral a prevalência da tenossinovite de punho não seja tão alta, em populações de risco que realizam movimentos repetitivos, trabalhos manuais e uso intenso do polegar e punho para digitar, a prevalência pode variar de 20 a 70%.
Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em Dores Crônicas, Saúde Postural, Pilates e RPG, a tenossinovite De Quervain se caracteriza pela inflamação, irritação e aumento do volume dos tendões do punho e dedo polegar. “Sendo assim, a inflamação aumenta a bainha sinovial (estrutura que recobre o tendão). Essa bainha serve para diminuir o atrito entre músculos, ligamentos e ossos”, explica.
“Os tendões ligam os músculos aos ossos. Portanto, são cruciais para os movimentos de dobrar as mãos, punhos, joelhos e demais articulações do nosso corpo. Em um quadro de tenossinovite, temos um espessamento da bainha e, com isso, acontece uma constrição do tensão durante o deslizamento. A partir disso, o tendão pode parecer travar ou grudar quando o paciente move o polegar”, esclarece Walkíria.
Sinais e sintomas podem impedir atividades do dia a dia
Sem dúvidas, o sintoma mais característico da tenossinovite de punho é dor na base do polegar, próximo ao punho. A dor costuma piorar quando o paciente movimenta o polegar ao segurar objetos, por exemplo. A sensação dolorosa também pode se espalhar para o antebraço e cotovelo.
“Adicionalmente, o paciente pode apresentar inchaço na lateral do punho e, em alguns casos, um nódulo que dá para sentir. Esse nódulo é consequência do espessamento da bainha do tendão. Temos ainda pacientes que ficam com bastante sensibilidade ao toque, ao pressionar a base do polegar, por exemplo. Por fim, há casos em que é possível sentir ou ouvir um estalo durante a movimentação do polegar. Isso acontece devido ao atrito dos tendões inflamados”, comenta Walkíria.
A tenossinovite de punho causa dores intensas e impede, muitas vezes, que o paciente realize suas atividades da vida diária. A dificuldade de realizar os movimentos podem aparecer ao segurar objetos, abrir portas, garrafas, pentear os cabelos e em movimentos em pinça em geral.
Uso excessivo de celular está ligado ao aumento da prevalência da tenossinovite de De Quervain
Quando a tenossinovite de De Quervain foi descrita pela primeira vez, em 1895, as lavadeiras eram as principais vítimas, devido aos movimentos repetitivos que elas faziam ao lavar roupas. Hoje, uma das principais causas da doença é o uso excessivo do celular.
Aliás, quando a tenossinovite tem relação com o uso de celulares, costuma ser chamada de “WhatsAppinite”. Esse termo informal surgiu na Espanha, em um artigo publicado no The Lancet. O relato de caso apontava que uma mulher de 34 anos, passou mais de seis horas trocando mensagens pelo WhatsApp no feriado de Natal. Depois de tanto tempo digitando, a paciente apresentou dores intensas nos dois polegares, entre outros sintomas típicos da tenossinovite.
Principais causas da tenossinovite de De Quervain
- Uso excessivo de celular, computadores ou tablets;
- Trabalhos manuais, como costura, tricô, crochê;
- Presença de doenças reumatológicas, como artrite reumatoide, gota e artrite psoriática;
- Pós-parto.
Como funciona o tratamento da tenossinovite de De Quervain
Geralmente, o tratamento da tenossinovite de De Quervain é conservador, com medicamentos para aliviar a dor e reduzir a inflamação. Além disso, vários recursos da fisioterapia também podem contribuir para melhora da dor e do processo inflamatório.
“Normalmente, precisamos ajudar o paciente a sair do quadro doloroso antes de iniciar qualquer reabilitação. Para isso, podemos usar a termoterapia, eletroterapia, ultrassom, laser e acupuntura. Quando a dor melhora, iniciamos exercícios focados no fortalecimento dos músculos das mãos, dedos e punhos. O alongamento também é importante para melhorar a flexibilidade”, diz Walkíria.
Mudança de hábitos é crucial para prevenir novas crises
Para além de medicamentos e fisioterapia, é crucial identificar a causa da tenossinovite de punho. Quando isso é possível, o paciente precisa ser orientado a mudar seus hábitos. Isso quer dizer que se a doença foi desencadeada pelo uso excessivo do celular ou computador, será preciso repensar o tempo de uso desses dispositivos.
“Para quem realiza muitos trabalhos manuais, por exemplo, também será preciso se policiar em relação ao tempo de realização dessas atividades. Para além disso, após a alta da fisioterapia, é importante continuar a fazer alongamentos nas mãos, punhos e braços, todos os dias”, alerta a especialista.
“Além do alongamento, também é importante fortalecer os músculos das mãos e punhos. Para isso, é possível usar as bolinhas antiestresse. Outro recurso acessível é o elástico de cabelo. Você pode colocar o elástico no dedo polegar e no dedo anelar ou médio, realizando movimentos de abrir e fechar”, finaliza Walkíria.
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